quinta-feira, 27 de maio de 2010

Alaranjidade Zaratustreando.





















"Este é meu bem que amo, só assim me agrada me agrada inteiramente, só assim é que quero o bem! Não o quero como mandamento divino, nem como uma lei e uma necessidade do homem. Que não me apareça como guia de caminhos para regiões supraterrestres e paraísos! O que eu amo é uma virtude terrena, pouca prudência há nela e também não possui muito da razão universal. Esse pássaro , porém, construiu seu ninho em mim. Por isso o amo e o aperto em meu peito. Agora incuba em mim seus ovos de ouro."

(Friedrich Wilhelm Nietzsche)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quase extra Via-Láctea, numa perspectiva quase cósmica.


O Nietzsche pediu pro meu corpo perguntar a quantas anda minha alma. Ela me respondeu com voz cansada, meio rouca, meio baixa, mas no tanto deslize e machucado a sua voz tinha um rastro de esperança de que algum dia as coisas ainda vão ser muito melhores, uma esperança que ainda resta, como a última coisa que morre quase intacta, escondida e de tão funda, como a profundidade de toda essa dor quase indestrutível. Minha alma quer descanço, quer colo, quer aconchego, quer voltar pracasa de dentro, porque ser nômade desacompanhado pelo coração é agonia demais para quem quer contornar o mundo com os pés. Tem de se estar inteiro, pra se dar por inteiro. Minha alma quer que meu corpo vomite, e meu corpo, numa prova de amor incondicional diz não, um não que só quem ama é capaz de dizer quando o sim causaria tanto mal a quem se ama. Minha alma quer matar tanta saudade, ir a tanta cidade, abraçar tanta árvore. Minha alma quer dormir com o corpo, fechar os olhos e quando raiar um novo dia, olhar os mundos com os olhos cheios de amor. Minha alma quer acreditar que às vezes um ponto final é a melhor maneira de terminar um texto. Ela quer um esparadrapo gigante para restaurar o corpo que lhe serve de templo, de marcador de tempo e de transporte nas distâncias. Ela quer um rolo compressor grotesco, que esmague todas as invejas e más línguas que lhe cansam. Quer absorver os filmes, os livros, as peças que fazem par com a solidão. Quer voltar a encontrar ajuda e sentido em todos os clichés e filtros-solares e empirismos. Quer ficar meio zein, um tanto desligada, um tanto desimportantada, despreocupada, sem mais satisfações. Quer tirar da chuva ou da insolação o peso de ser "porém" e "se" e transformá-los em cenário pelo seu passeio pelo mundo. Quer andar pelo mundo como quem passeia e até acha nas pessoas algo de interessante. Quer aprender a dormir tarde, acordar cedo ou nem dormir, porque afinal já amamos o insônia nessa mesma madrugada. Minh'alma quer os ombros menos contraídos, como se não fosse preciso esforço para que o corpo mantivesse os pesos de pé. Quer um pescoço com menos dor, uns olhos menos inchados e músculos menos febris. Quer tirar férias dessa coisa de ter que nadar um milhão de quilômetros diariamente contra a força das correntezas de um mundo grande e pesado que só sabe torcer contra. Quer parar de correr uma maratona por segundo na ânsia de provar a quem nunca lhe teve fé, sobre seu caráter, tentando provar arras-tan-do quem se é afinal. Quer acreditar que se as pessoas tiverem de ficar juntas não há nada que vai impedir, e que o amor é bem mais forte que a espera, mas essa fé só é possível se o término um dia terminar afinal e virar um recomeço de duas partes. Quer a paz que só os "meus" proporcionam, por me saberam como sou, por saberem meu amor, sem desconfiança, como frutos das sementes que plantei. E se possível quer que a pessoa que gastou comigo alguns tantos meses tanha duvidado no começo do meu amor, mas que no fim tenha certeza absoluta de sua grandeza. E que meu amor possa amar-me só com um meu poderia me amar, na certeza de que eu fui verdade e de que juntas fizemos uma bela verdade que eu sentir saudade e que os dias ficarão muito muito longos e que os outros, que são só os outros, estavam errados o tempo todo. Quer não morrer quando tocar a cama, a beirinha ao lado do corpo que adormece, e perceber que a cama, depois de tanto tempo, está esfriando...

domingo, 23 de maio de 2010

"Por que os ossos doem quando a gente dorme?"






Não bastava amar a solicitude, uma hora haveria de se sentir sozinha mesmo acompanhada, e com isso sofrer. Sofrer muito. É no mínimo estranho, para não dizer o quanto estou triste. Sinto calafrios, cólicas no estômago, os olhos não param de chorar e meus ouvidos ouvem como quem tem a cabeça dentro de um aquário. Longe, longe... Fico buscando de quem é a culpa, pra ver se fica mais fácil encontrar a saída. Tenho acordada apavorada com a separação. As boas lembranças superam as forças dos argumentos que nos fizeram sair. e agora elas fazem cócegas nos meus sonhos de travesseiro, e passam como fotografias de moinho a todo instante que fecho os olhos. Elas são as piores. A dor de um dia de sol que nos fez sorrir, m que nos sabemos de cór, supera a ferida de tudo que já choramos. Se dar conta de que o tempo passou, e que já faz tempo demais para fazermos alguma coisa, tipo, me mata aos pouquinhos. Os dias têm sido para velar e sepultar tudo que já foi definitivamente perdido. Agora entendo a dor de quem perdeu a casa numa catástrofe. Quem perde a casa, perde a casa de dentro, e perde a casa de fora, e perde as casas que construiu dentro dos outros. Hoje eu não encho mais a casa de alegria. E talvez a culpa seja minha, porque me sinto uma entrusa dentro do meu lar. Não caibo no meu quarto. Me arrasto. Eu achei que eu tinha aceitado bem. Mas é que a mente da gente bloqueia certas coisas para depois soltar um avalanche e detonar corpo e alma. Divórcio deveria ser classificado como catástrofe e todos os sonhos que ele destrói, tratado como crime digno de pena de morte. pensa bem? Divórcio está condenado à pena de morte e deixará de existir depois de uma injeção ou de uma cadeira elétrica. No meu caso, foram assassinados dezesseis anos de vida, e agora tenho de sepultá-los, superá-los e ainda ser feliz plenamente em... três anos? Não sou de ferro não, meu Deus. Nada daquilo existe mais. Nada daquilo se repetirá. Os católicos acreditam na trindade como uma unidade indestrutível, inseparável. No começo foi fácil ser três forças que se encostam para não se desequilibrar. Afinal, deixamos a dor para sorrir de novo, três vezes e três bocas mais. Mas o problema é depois que a raiva passa. Sobra o amor. E cada um a seu tempo vai descobrindo que depois que um cristal de quebra sobram os cacos. e do caco que restamos vamos virando pó. Um pó cinza, de matéria orgânica incendiada e destruída. Sem fé, sem vida. E esse é meu tempo de perceber. Não tenho mais raiva, tenho é muito amor. E a dor de um amor impossível, sangra. Vou multiplicando então, essa dor por 4, afinal eu também entrei na dança. talvez a saída seja mesmo sair, quando não se sabe o que fazer. E talvez essas lágrimas sejam o preço ou o único alívio para uma maturidade precoce que demonstrei... e a fragilidade, nessa maior idade, seja ridícula ao conjunto de seus olhos.

sábado, 22 de maio de 2010

Monólogo com quem dialoga.




"- Ele...veio? Elequioquê? -Ele... Elec... Electri... -Electricidade!"
- Oi moço! Tá sentindo?
- Sentindo o quê? Um abraço?
- Não! Além do abraço, bem ali no oco de dentro... viu?

- Hã? Onde menina? Que coco? Tá oco?

- Hã? Não!!! Coco não! Nem o Coco gato, nem o outro. Vazio. Oco. Eco no poço.Que de tão vazio nem cabe acompanhá-lo de outra palavra, a não ser: Vazio.

- Eco? Eco! Que vômito!

- Fede néh? Mas antes cheirava. Era doce. Sabe pirulito, algodão doce, essas coisas? Mas tem que ser colorido pra ser mais cheiroso.

- Sei. Pelo que eu vejo agora é de duvidar. Cuidado! se não você cai! Agora cheira é lágrima com vômito. Só o cheiro que eu sinto, dái acredito. O tal do vazio? Vejo não. Não tô aí dentro! Aliás, quem é você mesmo?

- É cheiro de amor. Parece o nome daquela banda neh? Sei quem eu sou não, oras!
-
Sabe sim. Espia mais de perto. Bem aqui, óh!

- Quero olhar não moço! Tá de tarde. Tá salgado. E eu gosto de .... AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

- Viu?
- Vi?
- Quem é essa?
- Eu.
- E quem é "eu"?
- Não sei!

- Mas você já foi você antes?

- Já! Tenho até história, e passado! Mas passado chama passado porque passou. Eu passei. daí o hoje é presente. E Me ganhei de presente no presente. Mas, ôxi. É diferente demais do passado. Ainda nem abri a caixa. E agora mesmo ele já vai virando o que passou. E eu ainda nem abri a caixa. Preciso de uma casa e de um roteiro pra isso.

- Cê vai cair filha! Roteiro? Você sabe onde quer chegar?
- Mas que porra! ( desculpe-me os modos) Mas eu já tô caindo, não vê? Já pulei faz tempo! E isso aqui não acaba. Ainda bem, porque a gente esbarra numas coisas, rala ali e acolá, mas a vista é tão bonita que dá gosto. A gente voa?
- Você quer voltar a ser o ser de antes?
- Eu disse isso?Éh, tenho mesmo de tratar a memória. Nunca quis tanto não querer isso. Quero não. Quero esse presente aí mesmo. Quem sabe tem futuro junto dele?

- Então o que você quer afinal?
- E eu sei? Tô sem fé. Como examinar isso tudo se não acredito em nada?

- Nem nos olhos?
- Muito menos. São os que mais se enganam. Já me chamaram ponto de luz, áurea forte, coelho...
- Coelho... Te lembra essa história de vocês e do que ela te mostrou!
- Neh. Moço?
- pois não?

- tem como você trocar meu "eu", por outro eu? Tava querendo um com o coração novinho, que não tema pisar em montanhas russas, e que não tema a segurança dos cintos de segurança das montanhas russas e que nas viradas ponta-cabeça e nas descidas não deixe o chocolate cair... sabe?

- Ih mas tem não! Nesno você achando que não abriu a caixa, ela já lhe pertence. Você pode transformar seu eu (mágico) num eu que você queira se tornar. Agora aguente pois só há você aí dentro! Não esqueça de reconhecer os outros sozinhos que lhe trazem a paz e as flores necessárias para lhe ajudar a não vomitar quando seu eu estiver te enjoando. Quando você estiver cansado de ser você, pense bem... Até que você parece um coelho!
- Éh, e a imagem dos olhos vermelhos é sempre a última coisa que fica.


Reticências.

domingo, 16 de maio de 2010

Desse jeito eu gosto de contar.


Dez meses é muito tempo neh? E todo tempo grande faz as coisas ficarem grandes também. E hoje eu te amo dez meses mais que antes.

domingo, 9 de maio de 2010

Às fotografias que não estão mais no meu mural.


Pessoas são como estrelas. Existem as galáxias que se encontram. Quando as galáxias se encontram, as estrelas se encaixam, como se se fundissem... mas na verdade cada uma continua a ser como sempre fora antes: uma estrela que apesar do encontro com outra estrela, no fim só ela que sobra, só ela continua consigo mesma. Mas isso é para quem olha de fora, porque para as estrelas que vivem a completude, pensam sempre que a fusão realmente aconteceu. As estrelas acreditam na eternidade, e dentro do grande laço onde estão juntas, nada parece nunca passar. O final que é uma ilusão, e não o presente. Mas o que será que determina esse quando, esse onde, esse qual de se encontrar, de se mostrar no outro, de se sentir à vontade na presença de alguém diferente? Tem gente que diz que é destino. Não sei. Acho que a fase de cada estrela esculpe um tipo de peça, e aí a estrela vai viajando, além e além até encontrar uma peça esculpida que se coloque muito bem na sua forma. E daí o encaixe, como imã ou algo assim. Essa atração, esse pertencer. Não deixa de ser um destino. Um fruto da aleatoriedade. E as estrelas que se tocam não enxergam nada além. É como se o universo fosse uma bolha protegida, e dái as estrelas se amam como se não houvesse perigo e nem medo. Mas o encontro não foi coisa de destino? Pois é. Assim também ocorre o desencaixar. Eu não sei porque. É tudo tão mistério. Mas parece que a gente é moldado de novo, e dessa vez nossa peça não encaixa na estrelinha de antes. Nem por isso a gente deixa de ser estrela, mas é que a gente vai ficando maior ou menor demais pra caber na galáxia de outro alguém. O que passa a desencaixar são os caminhos que mudamos. É que mudamos para caminhos diferentes. Cada vez que uma estrela apaga, deixa um buraquinho no céu. Daí talvez a gente encontre a estrelinha dona do buraco por aí e tente encaixá-la de novo no seu devido lugar, mas a borda do céu não abriga perfeitamente mais a peça. Roçá-la no desencaixe, permanecer na tentativa, ranca tinta do céu. Céu é meu coração. Um coração descascado, sabe como é. Essa coisa de machucado e cicatriz. Uma vez eu vi uma estrela morrendo. Ela foi mudando de cor, foi magnífico. Era uma estrela multicolorida, que se não fosse pelo apagão repentino após o espetáculo eu jamais iria chamar aquilo de morte. Porque a beleza era gigante! Dessas de deixar a gente boquiaberta. Tenho certeza que nem toda estrela que morre, que parte deixa uma despedida bonita. Lamentei depois de vê-la morrer, por não mais poder vê-la tão bela. Mas sabe que eu não fiquei decepcionada? Porque essa foi uma estrela que chegou com beleza e morreu com beleza, sutileza, cheia de amor. E amor por mais que vá para outra galáxia sempre deixa o gostoso na boca. Eu também já fui estrela. Agora escrevo isso aqui para outras estrelas, que colocaram anéis nos meus dedos e éramos tão amigas que parecíamos irmãs. Insitir no brilho que se foi, só pela saudade tem sido um erro, porque aí eu deixo de ver toda maravilha de brilho das estrelas que tentam se encaixar em mim agora. A dor de uma estrela chamada amizade deixa na gente o pavor do toque, de ser tocada novamente, do abraço espontâneo. Mas as estrelas elas são assim, dão tchau e quando não morrem belas e roxa e rosa e amarela e azul...Desabotoam-se. E vão ficando longe, longe, longe....