quarta-feira, 11 de julho de 2012

As boas novas.


Estou a três dias de, quem sabe, conhecer sua mãe. Será que o bairro das laranjeiras irá sorrir satisfeito quando me ver? Acho que vou chorar quando ver o mar. Vou me lembrar de Camõs, das guerras e do seu samba. Tenho pensado no porquê de eu gostar de você e sei que é grave. A droga era teu defeito, sempre detestei. Ainda não consegui pensar do seu jeito para entender o vício. Acho que sua essência está na audácia, as vezes ofensiva que te acompanhava. Esta tua parte, que te permitia cavalgar os limites seria uma projeção do que sinto faltar em mim. Lembro de um depoimento da Bebel dizendo de um conselho seu. Queria ter esse dom de pronunciar palavras significativas. Mas eu não tenho argumento. Ando achando uma tristeza danada essa falta de amor que assisto diarimanete daqui de cima do muro. De vez em quando, penso gargalhar, não há coisa mais sem sentido que brigar. Parecem marionetes destrambelhadas a se arrepender do que já foi belo, a se esquecer do que um dia denominou por pura e espontânea vontade: Vida.  De cima do muro é impossível notar algum fluido. Mas quase sempre, ao destampar os ouvidos, os gritos são reais. A humanidade agoniza, longe ou perto de mim. O que se pode fazer com um bando de informações? Nada. Informação não é conhecimento. Não há contra-argumento para a ignorância. Os ferimentos em hemorragia, ocorrem a todo instante. Neste surto coletivo os sorrisos desabrocham, murcham e despetalam-se no inverno infinito da alma. São diversos os tipos de calamidades, brandas ou fortíssimas, todas me assustam. Onde chega os demônios que moram em cada um de nós? Tenho a impressão que essa frieza tende a ser glacial. É um pesadelo ver o vilão acontecendo, dois amigos se destruindo, pais violentando suas crias. Sei que é sujo, sei que é estúpido, e sei que é imensamente triste. Mas não sei explicar. Problema. Acho que hoje, o sentido da vida é, mais do que nunca para raros, continuarem a fazer amor. Fazer amor o tempo todo. Bem além do corpo dos hippies, fazer amor com a alma em todo lugar. Poucos entendem. Afinal de contas, não enlouquecer com tanta falta e ausência é uma trabalheira.

Atenciosamente,

T.L.S.L.