terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Vamos de Los Hermanos, (Sempre.)

Os Pássaros

Los Hermanos

Eu aflito e só,
Confuso e sem você por aqui.
Assim eu sonhei
Mas isso eu não quis.
Que diferença? o dia se fez
Assim.
Há um conflito um nó
Eu difuso enfim
Os pássaros vêm
Me levar aí
Visitar o céu
E pra ver você levantando o véu
Pra mim.
Mas eles só me vêem
Quando eu já não sei
Se eu estou são,
O que é um sonho ruim,
E o que é um sonho bom.
Que diferença? a vida é igual,
assim e eu não sei
Eu não sei...
Não sei...
Eu não sei..
Se isso é você.
Quem bate aí?
Se é pra eu te ver então deixa eu dormir.

domingo, 21 de dezembro de 2014

Onde você estava Natal passado?


Eu me lembro muito nitidamente de onde eu estava há 365 dias trás. Me recordo de acordar bem tarde todas as manhãs de um recesso abençoado. O sorriso daquela criança iluminava o quarto e a minha vida. Os barulhos daquela turminha me faziam acreditar que meu coração estava quente e a minha alma em paz. 
"Especialmente para os cancerianos", toda a minha verdade resumia-se a família. Lá eu estava em meu devido lugar, cheia de sonhos, escolhendo as cores que iriam pintar os meus dias. Juntos, acreditávamos realmente que aos pouquinhos poderíamos mudar o mundo ao nosso redor. 
Aquele menino não era meu filho, mas poderia ser. Eu queria pegar toda a dor que encobria seu corpinho de 5 anos e transferir para a minha vida. Demos alimento, roupa, calçado e brinquedos, mas ao longo do ano percebi que um mês foi capaz de germinar sementes virtuosas dentro daquele pequeno coração. Demos de herança a ele o carinho, o abraço, momentos de infância e convivência familiar que ele nunca tinha tido. Nessa falta de fé, eu ainda acredito no coração nobre daquele menino travesso.
E era exatamente aquela imagem que eu desejei para o meu ano novo. Eu estava pronta para construir a minha própria família. E poderia ter sido assim, mas não foi. Dizem que é devido ao primeiro ano de casamento, mas nada disso importa, porque não sobrevivemos.
Eu fui o tipo de garota, e depois moça, que era apaixonada pelo Natal. Tipo que viajava horas para ver uma decoração que havia em algum lugar, que escrevia carta para o Papai Noel, que acordava as 5 da manhã para fazer café da manhã para os meus, que passava madrugadas escrevendo cartões que não deixassem as pessoas esquecerem de quanto eu as amava. Armar a árvore era dia de festa, cozinhar juntos e cantar canções de como era belo estar ali. Na véspera, eu me postava ao lado da árvore e junto a Jesus menino eu rezava sem contar o tempo, acreditando imensamente que ali tudo renasceria.
E hoje, quando o desespero de um fim eminente se aproximava, eu me peguei questionando: onde você estava Natal passado? Eu estava fazendo alguém feliz. Meu coração estava aberto. Eu vivia a inocência de sonhos claros e belos.
E hoje estou aqui, sem me importar com tudo aquilo que fazia de mim eu. Assustada com a velocidade do calendário, mas confiante de que os dias apenas passem depressa, indo em direção a não sei o quê. 
Sei que quando o relógio tocar meia-noite, tudo irá se desfazer bem facilmente. A vida é uma coleção de eternas despedidas. Fico me perguntando onde tudo se quebrou. E enquanto eu pensava em tudo isso, só consegui te olhar nos olhos e dizer que a vida é mesmo muito triste.


quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Fotografias ao avesso.

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Às vezes tenho a impressão de que não passamos de meras vitrines a circular por esse mundo. A pessoa tatuada é taxada especialmente como essa vitrine ambulante. Acho que na verdade as tatuagens não passam de uma bula: decifra-me. Poucos tem essa habilidade de chegar tão fundo na alma de uma pessoa, tornando-se capaz de ler a camada mais superficial do que é ser humano: a pele. Tatuagens são uma espécie de código que conta a história de uma vida toda, e não é apenas um olhar que vai compreender ou vivenciar qualquer tipo de obra de arte. Ou devoro-te.
São poucas as coisas que me irritam na vida. Dentre elas podemos citar grito, trânsito, futilidade e "você vai se arrepender de ter feito essa tatuagem no futuro."
Alguns dias atrás fui abordada por uma senhora: "Uma moça tão bonita, doce e delicada com essas tatuagens. Não pensa num futuro? E se você passar num concurso?". Bom, se eu passar em um concurso... primeiro, se eu fizer um concurso estarei abrindo mão de tudo aquilo que busquei da vida: paixão, desafio e mudança. Se eu passar num concurso e tiver que abrir mão das minhas tatuagens, aquele lugar não é pra mim, porque estaria abrindo mão de uma história escrita em tinta em minha própria pele. Pode não parecer, mas aquilo sou eu. Não é um hobbie. Eu tive que sangrar, e tenho que sangrar todos os dias porque a vida gosta de provar que a gente está vivo e bem capaz de sentir toda a dor do mundo. Sim, um dia quis ser pássaro e agora tenho eles como a utopia da liberdade. Ela é um lembrete, um post-it diário de: não se esqueça de quem você é. E por último, o laço que uniu nós três é de um amor incondicional e infinito.
E ainda faltam muito mais, só tenho 23 anos de idade. Ainda tem a árvore, o espiral, a pintura rupestre e o que mais a vida me apresentar.
Depois me aparece um padre. Poxa! A missa estava tão legal até Deus ser pintado como o cara superficial que julga as pessoas pelo exterior. Engraçado neh? Tudo não passa de um grande espelho humano. Deveria ser ao contrário... imagem e semelhança...
Há um mês atrás, fui apresentada a uma música maravilhosa: Ink, do Coldplay. E agora quando as pessoas me perguntarem se doeu, vou dizer: 'Got a tattoo and the pain is alright. Porque eles não fazem ideia do quanto não dói ser ferido por fora. Um risco na pele não é nada comparado ao interior que desmorona. Será que a gente faz ideia do quanto podemos suportar?
Boa notícia: não tenho mais medo da morte.

E o Chris Martin canta: "All I know is that I love you so So much that it hurts" e Eu BERRO: Got a tattoo and the pain's alright!!!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

E aí, já tomou sua dose de analgésico hoje?


Quem me conheceu profundamente há alguns meses atrás, sabia que eu era totalmente contra o uso de drogas, lícitas ou ilícitas.Eu achava que as drogas, assim como a psicanálise, eram distorções da verdade, meios pagos de fuga. Tudo em nome de um santo equilíbrio ausente.
Se eu tinha uma cólica, aguentava firme que era para sentir a natureza da dor. Dores de cabeça, de hérnia, de ombro, eram pequenas superações diárias. Formas de dizer que eu ainda podia ver a verdade e que as coisas ainda estavam sob meu controle.
E cá estou eu, alguns meses depois, chocada por ouvir uma música que canta meu mantra desaparecido. Senti muitas saudades de uma época em que eu realmente buscava o equilíbrio. Respirar não era difícil e eu sabia fechar os olhos e honrar a divindade que havia em mim. Meu mantra já ganhou um texto por aqui, há muito, muito tempo atrás.
Hoje me deparei com um comprimido difícil de engolir na mão direita. Percebi que aquelas 750 gramas de analgésico haviam se transformado no meu hábito noturno casual. Depois de um dia de sobrevivência a cabeça pulsa, e meu corpo, que já não aguenta mais nada, não iria suportar mais essa dor. 
Em inglês, analgésico é "painkiller". Traduzindo literalmente, os comprimidos mágicos seriam os "assassinos da dor". Um assassinato que dura de 6 a 8 horas, infelizmente. 
Eu que tanto busquei o equilíbrio e disse não às químicas, agora me rendo aos comprimidos diários. E é nesse momento que sabemos o quão distante estamos de nós mesmos.
Sempre via nos filmes norte-americanos aquelas pessoas que preenchiam seus armários de banheiro com medicamentos. Eu sei que é uma patologia social, mas eu não entendia o porquê.
Por que pessoas que vivem em um país de primeiro mundo, com acesso a uma boa qualidade de vida, se drogariam todas as noites para conseguir dormir? O negócio é que o valor da vida decresce quando o dinheiro aumento.Bem-vindos à era da banalização.
Não há espaço para carinho e a loucura enche o lugar com as sombras de uma caixa de pandora repleta de futilidades e superficialidades. Some o toque, o olhar e as demonstrações de amor real.
Sinceramente, hoje vi uma cena que me provocou ainda mais asco deste mundo cansativo. Não consigo compreender a falta de lealdade escancarada. Que o ser humano era desleal eu já sabia, mas o que mais me coloca em parafusos é ver que os machucados estão sendo deixados no colo de pessoas que tem um bom coração. Pessoas que apenas derramam doçura. E lá estão elas, vendo tudo que acreditavam ser derretido pela falta de lealdade e humanidade daquele que chamou de amigo.
Antigamente, ou era suficiente ou se pregava que era suficiente ser bom e fazer o bem. Hoje em dia essa balança está desregulada, distribuindo feridas gratuitas e espalhando a efemeridade da "desimportância" das relações humanas. A vida tem pago em moeda desproporcional aqueles que fazem amor. 
A amizade deveria ser a forma mais forte de comprometimento. Dá vontade de mandar certas pessoas calarem a boca: pare de cuspir abelhas. Ferrões matam.
E é por isso que os americanos ou eu tomam diariamente sua dose de assassinos de dor. Serão oito horas de fôlego, disfarçando a falta de força para lutar por um equilíbrio real. Haja fé para honrar a divindade que há em você. Cadê ?

domingo, 7 de dezembro de 2014

Serpente.


Sabe aquela cena do desenho animado quando o personagem corre até que  chega em um penhasco? Ele desaba e enquanto eles caiam, meu coração de criança ficava sem ar. Mas, do nada, surgia um tronco de árvore e ali eles se agarravam. Pelo menos por um instante, tudo estava a salvo.
E foi assim que eu resolvi passar meu final de semana. Os finais de semana, especialmente, são desesperadores. O choro dos meus olhos é incessante, sou preenchida por vazio e medo. A vida insiste em existir, por mais que eu diga não. O tempo berra em meus ouvidos e não me deixa dormir. 
Fiz as malas e parti para a estrada, vestida por uma coragem que há muito tempo me faltava. Recentemente, eu havia desenvolvido um pânico da combinação: dirigir e rodovias. Tinha a impressão de que elas me levariam a apenas um destino: o hospital que mantinha a vida da minha irmã por um triz.
Mas desta vez eu fui. Senti falta de ter suas mãos para segurar. Mas Deus me protegeu com aquela cortina de chuva que cortava os sons à minha volta e me dizia: comigo você está segura.
Me lembrei da cena do desenho porque sim, meu mundo desaba. Ando caindo de um penhasco infinito, soterrada por tudo aquilo que eu conhecia sobre amor e verdade. Tenho que encarar meus medos de frente e dessa vez não há ninguém para me segurar ou me proteger.
Dentre os muitos, tive que enfrentar sozinha aranhas, água congelante, mordidinhas de peixes, o silêncio horroroso de um quarto vazio e o mais terrível: minha própria companhia. O que me acompanhará por uma longa jornada...
Mas, no meio disso tudo, havia um pequeno galho no qual eu podia me agarrar. Deus mandou que eu treinasse meus dragões e à noite, quando eu achei que não aguentaria mais, Ele pediu que Rubem Alves me fizesse um cafuné mineiro. Consegui dormir, finalmente. Me agarrei aos galho como alguém, que cai de um penhasco, tem sua única chance de sobrevivência.
Quando eu tinha 12 ou 13 anos, li um texto que falava sobre um homem que passou a vida buscando Deus (ainda vou encontrar esse texto!) Enquanto tudo esfarela, enquanto vejo que as pessoas simplesmente não se importam, eu só pude ir de encontro às duas únicas coisas verdadeiras: comida e natureza. O homem do texto, constatou por fim que Deus estava o tempo todo dentro dele.
Eu encontrei com Deus na água congelante de um rio que aqueceu meu coração. Deus é verdade. E é por isso que ele está na natureza. A gente peca por depositar nossas verdades nos homens. Homens se espatifam como bolhas de sabão. Foi congelando meu corpo que encontrei forças para sobreviver a esse domingo. Passo razoavelmente bem, corpo cansado, respirando com dificuldade.

sábado, 29 de novembro de 2014

Happy Thanksgiving! ou Carta para você, Vida.



Senhoras e senhores,

É com um certo entusiasmo que venho tardiamente celebrar a ação de graças neste ano trágico. Mas não importa. 

Tem uma campanha de publicidade acontecendo no Youtube através da rede de Bancos Itaú. É engraçado porque nós sempre adoramos as campanhas deste banco. Chorávamos várias vezes com os vídeos emocionantes que aconteciam antes da execução da nossa playlist. Mas isso é segredo, neh? Se alguém me conta que chora ao ver publicidade devo manter a discrição, e parecer surpresa: Sério? Mal sabem eles...
Mas enfim, esta campanha faz o seguinte questionamento: qual filme mudou sua vida? Houveram tantos que eu não pude escolher um. Até hoje.
É que hoje eu acordei de mais uma noite insone para passar meu tempo vazio neste laboratório frio. E como tudo que tenho feito é rezar para que o tempo passe depressa, resolvi assistir um filme que pudesse acelerar as coisas. De repente caiu na tela: Sob o sol da Toscana. Nunca deu certo de assistirmos juntos. 
Assim que começou, eu sabia que eu ia amar. Fala sério: duas atrizes da minha série favorita em um filme só? Ver o rosto das duas me fez lembrar a sensação calorosa que eu encontrava em Grey's Anatomy, grande companheiro de noites em claro. Me senti em casa. E sinceramente, Itália? Toscana? É lá que meu coração bate. Mas isso é um outro texto.
Hoje eu vim aqui dizer que Sob o Sol da Toscana mudou a minha vida porque ontem eu fui dormir monocromática, e hoje consegui notar algumas cores. Mesmo que o futuro pareça obscuro, minha bela história do passado me oferece o sopro para seguir em frente.
Gostaria que hoje fosse quinta-feira para que eu pudesse dividir com o resto do mundo meus agradecimentos. Mas devido ao atraso... gostaria de compartilhar algumas coisas que enxerguei.
Os últimos dias tem sido tão traumáticos que eu não cheguei a te agradecer e nem te trazer flores. Viver ao seu lado me ensinou muito: Gostar de água gelada, aprender a apreciar a arte de fazer nada sem se sentir agoniada, me apaixonar pela poesia, silenciar para ouvir o tac-tac do vinil, pentear o cabelo e comer ingá (eca!). Coisas, várias.
Eu gostava da simplicidade que encontrei descansando em você. É impossível não chorar. Porque é tudo muito bonito. Eu não consigo explicar porque as coisas findam e não sou dessas de colocar pontos finais em sonhos, você sabe. 
Nós compartilhamos muito. Muita dor, muita alegria, muita aventura, muito romantismo. Superamos coisas que a maioria das pessoas não conseguiria. Eu sinto muito não ter tido resiliência suficiente para não quebrar. Eu me quebrei, por dentro, por fora e em espírito. Não sei se posso culpar o ano ou não, mas meu corpo não aguentou superar mais. Pelo menos por enquanto, meu corpo não aguenta mais nada.
Se "a casa protege o sonhador" é bem verdade que você me resguardou nestes cinco anos (e três meses?). Você foi meu apoio. Você sempre estava lá. 
Tenho assustado muito ao deparar com um mundo mais cruel do que eu pensava. Nem todo mundo gosta de cuidado e de carinho, sabia? E o cuidado e amor que nos dedicamos me salta aos olhos. Porque são nas contradições que as raridades sobressaem. 
Deus me abençoou com sua vida na minha. Deus me deu uma segunda família e me fez sentir em casa. E eu agradeço todos os dias por conhecer uma alma grande neste mundo caótico. Você caminhou ao meu lado e pudemos sonhar muito, fazer muito, lutar por uma humanidade e bondade que acreditávamos ser o caminho.
Aliás, eu admiro você por ter encontrado o seu. O amor é a explicação, neh? E aí você descansa em Deus.
Eu ainda não encontrei o meu, mas hoje tive alguns bons sinais. Consegui ver as coisas boas, nossas cores e as duas criaturas que são frutos do nosso grande amor. É um amor que não vai ter fim, você sabe. Mas hoje eu queria agradecer pelas suas mãos e pelas noites em claro que você ouviu meu choro e meu desespero, "não sei se eu saberia, chegar até o final" de 2014 sem você. Você me deu seu ombro para que eu conseguiesse levar a minha cruz até aqui.
Hoje descobri, vendo nosso filme que não preciso me encher de vazios e nem fazer das pessoas minhas muletas, esperando que elas preencham a falta de sentido que há em mim. Devo buscar a minha verdade. Será que tenho o direito de esperar por joaninhas? Como aquelas que fizeram sentido muito tempo para nós. Eu acho que conseguimos tocar o mundo e torná-lo um pouco melhor, mesmo com nosso pequeno alcance, você não acha?
Por fim, quis te dar a notícia primeiro e dizer obrigada por você. E tudo que eu mais quero e te ver feliz. Você, sua mão de ursinho e seu coração de elefante. Não se perca mais também, viu? 
Hoje te trago uma flor: Um girassol?

Un bacio, mia dolce vita. 

P.S.: Fellini, pra que a gente não se esqueça das nossas macaquisses: "Não importa o que aconteça. Sempre mantenha sua inocência infantil." Ainda há magia, não é mesmo, palhacinho?

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O mundo (a)colorido.


Hoje eu vi as lágrimas daquele homem. Eu cheguei mais perto e consegui sentir seu tórax convulsionando num anseio por um ar que não chega ao fundo dos pulmões. Acho que foi a primeira vez em trinta dias que eu encontrei semelhança com o que eu sentia.
2014 ficará gravado eternamente na minha memória. Primeiramente porque ele veio coroar o 2013 maravilhoso: o ano que me deu asas, me apresentou o mundo. Mas 2014 foi bruto, de propósito, fincou meus pés no chão. Na verdade, enterrou meus pés no chão.
A cada novo dia acordo com um medo gigante de que  esse novo dia possa ser pior que o anterior. A cada novo dia, um funeral. Por um momento, penso: é possível? E coisas inesperadamente terríveis acontecem, para me provar que sim.
Sem meus "bisos", brindei este ano novo, que com muita fé logo se finda. Dei a largada caindo de costas. Faltava raiz, mas eu sabia que poderia encontrar uma casa. E busquei, construí, encontrei: ali estava o sonho de uma vida toda. Até que: "A vida é  um espiral. Você gira diversas vezes em torno do mesmo ponto, mas se afasta dele cada vez mais." Vi meu castelo desabar. Eu não mais caía de costas, mas o meu mundo caía em cima de mim, em queda livre infinita.
Tento me lembrar de coisas boas, mas todo brilho que houver está ofuscado por essa imensa dor solidificada em mim.
Eu nunca imaginei tantas coisas. Me decepcionei ao ver que 'ying yang' explodem quando se tocam. Tudo começou faltando meu ar, e fazendo a raiva subir nas minhas veias. Eu já não era mais a mesma. De Gandhi, fui à Hitler. A fúria vomitada.
Pessoas muito boas nos deixaram esse ano. E as que foram antes também nos fazem pensar: o que está acontecendo? O mundo sinceramente precisa de pessoas que cultivem o bem, mas parece que não há tempo para isso. Todos estão de partida. Grandes mentes dão lugar à pessoas que se preocupam com lucro, dinheiro e passam seus dias curtindo a frieza das falsidades e coisas superficiais. Infeliz, mas com um bom salário.
Outra porrada na cara, foi perder a pureza da menina Catarina. O nome quer dizer "pura". Não compreendo esta contradição. Será que Deus é mesmo este cara punitivo, rancoroso e impiedoso? O colo da mãe, vazio, nunca irá se aquecer novamente.
E como explicar que um belo pôr-do-sol pode se transformar no maior inferno de uma família? Porque pior que lidar com os próprios sonhos despedaçados, é ter de lidar com os sonhos despedaçados das pessoas que você mais ama no mundo, sem poder fazer nada a respeito.
Será que Deus é tão sacana e sarcástico, que dá 5 sonhos e te tira todos eles? Nunca pensei que eu fosse ser obrigada a abandonar aqueles que bateram à minha porta para que eu cuidasse. Esta era a minha missão e fracassei. E a condenação para isso são pesadelos diários e um buraco enorme na alma.

É horrendo o poder que as coisas fúteis podem fazer na vida de uma pessoa. É como se Romeu e Julieta tivessem sobrevivido, mas se separassem no final. É tipo assim: mais uma bomba sobre o casamento. E é aqui que eu chego neste homem que chora. E eu olho para ele e vejo os olhos vazios como os meus. Eu olho novamente e vejo umas das pessoas que eu mais admiro neste mundo. E me olho no espelho. Não tenho nada para lhe dar de conforto.
Às vezes tudo que se pode fazer é compartilhar da dor de alguém. Não há nada de bom que eu possa retransmitir, porque assim como ele, eu também quero acordar daqui um ano e torcer para que tudo isto tenha passado. Assim como ele, também sinto saudades e sinto muito que o tempo não volte atrás.
Não há sentido. Não há verdade. Vou terminar este ano muito mais gélida. Longe de Deus, porque não há nem um mínimo de fé para que as cores voltem.
Este ano fez questão de me provar que tudo que eu conhecia do amor era ilusório. Porque algumas coisas simplesmente não existem. E o amor é a mais covarde das mentiras.
É impressionante o que a dor e um quarto vazio e uma alma vazia podem te revelar. É como repassar pela vida novamente, com uma lente de aumento: veja direito. No final das contas, nada é isso tudo. Amizades são conveniências e a única coisa real é que você está sozinho no mundo, afinal.
Por isso hoje é um ótimo dia para dormir.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Consegui achar um sonho.

Lema da Starbucks:

"Inspirar e nutrir o espírito humano - uma pessoa, uma xícara de café e uma comunidade de cada vez."

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Texto sobre a paz.



Capelania Institucional da Associação Educativa Evangélica – Novembro/2014 – no 044
Relacionamentos Saudáveis X – Cuidando dos sentimentos nos relacionamentos
Poucas coisas nesta vida são mais desejadas do que a paz. “A paz é a única forma de sentirmos realmente humanos”, já dizia o ganhador do prêmio Nobel de Física (1921), o físico teórico alemão Albert Einstein (1879-1955). “Uma vez que a guerra nasce no espírito dos homens, é no espírito dos homens que se devem erguer as defesas da paz” - Archibald McLeish (1892-1982), poeta e escritor norte americano.
Vimos na reflexão anterior as recomendações para nos alegrarmos, sermos amáveis com todos, não andarmos ansiosos e mais, para colocarmos nossas crises e alegrias diante de Deus. Tudo isso, mesmo em meio a dificuldades relacionais. Agora o texto nos apresenta a dica final e maravilhosa, especialmente no quesito de saber se estamos no caminho certo ao tomar decisões sábias frente às múltiplas opções apresentadas nos caminhos da existência.
Paz. Poucas coisas são tão ardentemente desejadas pelo coração humano quanto a paz. A paz é o anseio da alma, por isso mesmo ela é eminentemente interior. Ainda que tenha seu reflexo no exterior é no interior do ser humano que a mesma acha guarida e se desenvolve. Qual é o trabalho da paz? Ou, que trabalho se processa em nosso interior que resulta em paz? Antes de falar da paz, pensemos no seu oposto. De acordo com nosso assunto, o oposto da paz não é a guerra, mas a dúvida. O que é a dúvida? De forma simples, principalmente em se tratando de decisões, a dúvida é o descompasso entre a mente e o coração. Por mente entenda-se a razão, análise, pensamentos e consciência; por coração, queremos dizer emoções, sentimentos e desejos. A dúvida acontece quanto o coração deseja algo e a mente revela que tal desejo não é bom ou no mínimo é incoerente. Por outro lado, por vezes a mente aprova algo, mas o coração não anda no mesmo compasso. Cria-se uma oposição e mesmo uma guerra entre mente e coração. A verdadeira paz implica na harmonia entre mente e coração. Ela acontece quando os dois andam na mesma direção.
A sabedoria bíblica milenar é fantástica ao afirmar: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (Fl 4.7). Não é interessante? A paz é fruto de um coração e mente guardados e andando no mesmo compasso e direção. Esse é o fruto da paz. Paulo credita tal ação à pessoa de Cristo Jesus. Outro aprendizado interessante. A paz excede todo o entendimento. Por vezes se pensa que a fé e os frutos da mesma - como a paz e amor - são elementos que não dependem da razão, ou seja, são irracionais. Contudo o texto é claro ao afirmar que a fé não é irracional, mas suprarracional: “a paz de Deus, que excede todo o entendimento”. A paz vai além dos raciocínios, é maior que a capacidade de análise, é mais ampla que as conexões dos neurônios.
Como precisamos da paz! Paz nos relacionamentos; paz para a tomada de decisões; paz que atrai o sono; paz, bendita paz. O poeta hebreu escrevera há milênios: “procura a paz e empenha-te por alcança-la”. Uma das formas de procurar e empenhar por achá-la é “fugir do mal e praticar o que é bom” (Salmo 34.14). Mais intrigante ainda é perceber Jesus sendo declarado como o Príncipe da Paz (Is 9.6). O Deus Pai de Jesus como o Deus da paz (Fl 4.6). O Espírito Santo como aquele que concede vida e paz (Rm 8.6). E todas as cartas enviadas, por aqueles que conviveram com Jesus, as comunidades da época tinham em sua introdução a saudação desejando paz aos destinatários.
Quando nosso coração e mente são unidos sob a bandeira da paz, temos um bom indício que estamos tomando as decisões acertas. Se isso não acontece é melhor esperar. É melhor pedir a direção de Deus. Buscar conselhos com amigos sábios e continuar procurando-a. A paz tão almejada, seja para nossas decisões e ou relacionamentos, advém do relacionamento correto com o Príncipe da Paz, com o Deus da paz. Por isso, desejo a você e aos seus PAZ. 
Que o Eterno nos ajude. Rev. Heliel G. Carvalho – heliel.carvalho@unievangelica.edu.br

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"...o oposto da paz não é a guerra, mas a dúvida."

Quando eu olho no espelho, eu enxergo o nada. Olho para frente e está tudo muito escuro. Percebo que me desconstruí. Tijolinho por tijolinho. Às vezes acho que foi fácil de mais, como num sopro e minha morada já era. Mas aí eu olho mais de perto. Fico triste quando entendo que quem doa demais acaba ficando sem nada. Será que é assim? A maioria das coisas, a gente vai passar sem entender. Por quê ali? Por quê naquele momento? Por quê daquele jeito? Os dias se alternam em gosto de fel, corpo pesado, vontade de dormir e o oposto. De repente me sinto com 15 anos de idade e todas as necessidades biológicas ficam secundárias. É paradoxal desejar a morte e não conseguir abandonar a si mesmo: insone. Não há porquê dormir, nem comer, nem descansar. Nesses dias que não se sabe quem é quem e quem é você mesmo, a vida dá impressão de ser eterna e isso é desesperador. Não se pode piscar, porque não se pode perder nada. De um momento para outro você não tem nada e então não tem nada a perder. A vida se abre numa imensa janela de possibilidades assustadoras e angustiantes. Você se vê obrigado a encaixar-se em lugares que não te cabiam mais. Você se espreme, o coração aperta e lá vem o tique-taque de novo. É tudo uma grande mistura que enjoa o estômago. Você não sabe onde pisar, como se comportar e nem o motivo de sua existência. A paz passa ser o objetivo distante, mas principal. De repente acorda-se num novo dia e pergunta-se: como será hoje? Passou? Já está tudo no lugar? Isso dura por cinco segundos antes de abrir os olhos e ver que respirar ainda dói. Vivo uma mistura do que eu quero, do que eu não quero e daquilo que posso mudar. Viver diariamente na confusão é desesperador. Tenho tentado criar novos preceitos, mas tudo que eu vejo ainda é uma grande interrogação. Quando o cerco se fecha e não se tem para onde fugir, sou obrigada a me encarar de frente. É muito complicado porque tudo é extremo e transborda. É necessário aprender a esperar, a sorrir e ter auto-controle. Acho que não deixar que as emoções tomem conta de você pode ser o primeiro passo. Mas talvez pode não ser. Talvez o melhor seja me entregar a todo esse coquetel de emoções surtadas. Fico esperando o momento de cair, mas esse nó na garganta não deixa meu corpo ruir. E aí vem a vontade de gritar... Mas a pior coisa é não estar no controle da situação, não compreender e nem poder mudar toda essa devastação que me devorou por dentro em alguns segundos de bobeira, me apagou e me jogou no anel do furacão. Será que amanhã vai ser melhor?

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A loucura, tomando conta de mim.

Música do dia: Quase nada

Abre a palma da sua mão, põe o mindinho na ponta do seu ombro e o polegar até onde ele alcançar nas suas costas. Repita o processo do lado esquerdo e do lado direito. Abaixo de onde o dedão encostar é onde fica a grande dor que sinto. Tudo queima. Afundei o peito no colchão, na esperança que a pressão fizesse aquilo parar. Mas não para. 
Hoje acordei na impressão danada de ter passado o domingo inteiro com você. Só depois de pensar muito bem, notei que fiz todos os meus itinerários de forma que eu de alguma maneira circulasse pelo seu mundo. Te li. Me assustei. Li o livro. Me assustei. Almocei. Ouvi a música. Vi aquele céu. Vi uma série. Me lembrei. Corri, como se estivesse livre como realmente já fui.
Eu me divido em duas. É como se eu corresse atrás de alguma coisa. Sempre um passo atrás, eu te observo de costas.
Não sei sumiços doem menos se comunicados ou não.
Também não consigo entender como é possível ter o coração partido várias vezes pelo mesmo motivo. Mas também não consigo entender como é possível não chorar. As lágrimas estão brincando de me apertar.
Já imaginou se a nossa canção fosse o som da chuva? Que ironia ela não estar tocando, hein? Nem gosto de pensar nisso, porque se juntarmos as datas e os pontos teremos seca. Rezo para chover logo.
Numa mistura de querer e não querer me odeio por não conseguir parar. As vezes te odeio também, pela saudade gigante que fica no seu silêncio. 
Quando você se despede, não dói só porque não ouço mais sua voz. Mas é porque parece que as almas realmente se desencostam. Sei que você odeia essa coisa de um completar o outro, mas realmente me falta um pedaço que me faz faltar o ar. Falta a coragem, a fome, a paciência também.
As vezes acho que vivemos em dois planos. Um de corpo e o outro dessas duas almas que nos controlam, não se explicam e me deixam assim...
No momento não sei se sou eu o ponto de interrogação, ou se existem milhares deles na sua história. Te confesso que tem dias que falta fé, e que penso em quebra de reflexos e espelhos.
Mas eu te entendo. Eu tento. Você só não pode esquecer. 

...setudopassacomoseexplicaoamorqueficanessaparadaamorquechegasemdaravisonãoéprecisosabermaisnada...



segunda-feira, 13 de outubro de 2014

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

"Grande Pátria Desimportante."


Era uma vez um país chamado Brasil. No dia 23 de Setembro houve em Nova York, mais uma tentativa de acordo mundial em prol da proteção daquela que não pode falar por si: a natureza.

"O Brasil, por sua vez, não aderiu à Declaração de Nova York sobre Florestas por discordar do desmatamento zero e pela ausência de distinção no texto entre o que é legal ou não. De acordo com a lei brasileira, é permitido o manejo sustentável de florestas e derrubada de áreas para a agricultura, fatores que restringem a adesão." (http://amazonia.org.br/2014/09/brasil-n%C3%A3o-adere-a-acordo-mundial-que-prev%C3%AA-redu%C3%A7%C3%A3o-do-desmatamento/)

Eu detesto a forma como é feita a política no Brasil. É tudo um jogo de mentiras e uma grande rede de publicidade, tentando vender o produto mais lucrativo da nação: o governo. Quando passo nos sinais e vejo pessoas pulando com bandeiras, vejo meu estômago revirar. Qual é a diferença entre a torcida fanática do Mengão no Maracanã, com suas flâmulas, gritos e agressividade à torcida adversária... e a época de eleições no Brasil?

Em Roma, os gladiadores eram atirados na arena para serem devorados. No Brasil, candidatos estão se devorando na arena, atacando um ao outro em um grande jogo de ofensas, para no final entendermos que de qualquer forma "são todos quadrados".

Ir para fora do Brasil e ter de retornar é um grande choque. O Brasil está anos atrás à organização social dos países desenvolvidos. E ainda se fala que o país está crescendo. Apesar da recessão atual na economia, foi só ela mesma que cresceu. A sociedade anda para trás.

Se você perguntar para um gringo hoje, qual a imagem dele do Brasil, além dos tradicionais bunda e samba, ele irá acrescentar que é uma mina de ouro para as economias estrangeiras. Enquanto isso, a população, a natureza, a saúde e a educação vão muito mal.

Há muito tempo, ganhei uma árvore de presente. E pensando no simbolismo daquilo, ela representava a vontade de crescer saudável, a possibilidade de alcançar os céus, fornecer sombra e favorecer o solo e as águas para que estes perpetuassem pela gerações futuras.

Aqui em Goiás, estamos fritando de calor. A seca abre crateras no solo, nos lábios e nos pulmões. Em São Paulo, a falta de água faz caber um braço nas valas ressecadas da terra. E ainda há aqueles que não acreditam em aquecimento global, mudança climática e defendem que é preciso continuar desmatando para que os bancos e os ricos engordem seus bolsos. A economia cresce.

Uma das melhores definições que já ouvi de meu país foi a de que ele é "um anão diplomático". Uma nação feita de gente que assiste a tudo em cima do muro e não quer sair da zona de conforto para não criar "divergências", só pode ser definida dessa forma. 

Agora, querida presidenta, alegar que o Brasil não aderiu ao acordo porque não participou da elaboração dele e não pôde fazer alterações? Francamente, um anão diplomático que nunca reivindicou nada não teria voz alguma para interferir coisa alguma. A Amazônia, o Cerrado, a nascente do São Francisco, o meu Araguaia, seguem desprotegidos enquanto desaparecem da história.

Até os EUA aderiram ao acordo. Fato surpreendente, tratando-se do país mais capitalista do mundo.Enquanto isso, o Brasil caminha para trás, em desrespeito escancarado ao seu povo, ao sofrimento dele e à generosa mãe natureza.

Neste país de falsa democracia e liberdade de expressão, impera a submissão dos alienados ao governo. Será que há perspectiva de melhora para este doente terminal? Sempre defendi Gandhi, mas algumas revoluções só conseguem acordar depois que o chão for manchado de vermelho. Vermelho sangue.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

"Só se pode encher um vaso até a borda. Nem uma gota a mais" - Tao Te-King: Lao-Tse.


Salvo as falhas de memória, acho que de longe este é o surto mais grave que já me ocorreu. Dependendo do ângulo de visão, a gente perde a cabeça por uma coisinha mínima. Mas não é. A coisinha mínima é na verdade a última gota que faz o vaso que carregamos sobre os ombros, transbordar. "O corpo que entorta, para a lata ficar reta." Entortar o corpo para manter o equilíbrio a qualquer custo, dói. E é por isso que um dos assuntos que mais me intrigaram sempre é: o que divide a sanidade da loucura? O que segura a gente?
Hoje veio a chuva. Tive que caminhar sob a água. Por fora, uma moça que caminha para abrir o carro. Por dentro, uma menina que não pode se aguentar de vontade de tomar chuva, tirar a roupa e correr o mais rápido que puder, ali mesmo naquele campo.
Também gostaria de vender o carro agora e voltar a andar de bicicleta. O que será que segura a mão para que ela não aperte o FODA-SE? E quando é que vou saber se a corda arrebentar?
Por um bom tempo, esqueci dos "insetos interiores". Ignoramos que o homem é um complexo de impossibilidades, morte e merda. Tudo em nome de um voto de confiança na ... humanidade? Bondade? E quando se cai: não acredito que caí nessa de novo!
É tudo tão previsível que assusta. E mesmo assim, depois de tanta experiência, o que faz tentar repetidamente?
Ingratidão. Falta de reconhecimento. Doar o máximo e o sono. Pular as refeições. Corpo que padece em múltiplas visões de uma mesma história. Visitas inesperadas. Gritos de dor. Dúvidas da cor do céu. O bem e o mal. Cegueira em período integral. No auge do cansaço moral e generalizado, a visão panorâmica das verdades é jocosa. No que crer? A questão é: para quê fazer isso tudo?
Não há dança, programa ou sexo capaz de colorir o dessabor que o desmoronamento do meu mundo provocou.
De alguma forma, sempre acreditei na abstinência. Para remissão dos pecados. Ou para saciar essa sede maluca de buscar e ir de encontro a si mesmo. Em um mundo isolado, acaba-se por encontrar a si mesmo, nu e cheio de arranhões e amarguras. Tem que ser assim. E o que sobrar será classificado como fé.
Acho que na realidade a culpa não seja de ninguém, além de nós mesmos. Vendemos nossas vidas diariamente. Nos prendemos voluntariamente  grades convidativas, promissoras, traiçoeiras e fantasmagóricas.
E a alma exausta e castrada implora pela rendição da covardia em nome de um pedido de liberdade que pulsa a cada segundo.

sábado, 13 de setembro de 2014

Sem chaveco.

Se eu soubesse o quanto o ensino médio seria importante na minha vida, juro que teria prestado muito mais atenção. Em mais uma daquelas histórias de anjos de carne e osso, forma-se a imagem que tenho hoje de maus professores da época. Um deles, um dia, estava citando algum autor e de repente, me vi congelada em uma frase: Case-se com alguém que você goste de conversar.
Ironicamente, nós não acreditamos em casamento. E dentre tantas incógnitas, estou certa de que foi você quem a vida escolheu para a minha eternidade. "Calma! Não estou te pedindo em casamento." É que, dando nome às pessoas, te chamaria de sombra de uma interrogação.
Existe uma história de uma menina que tenta fugir da própria sombra. Ela se mexe, ergue os pés, vira pirueta, mas nada faz com que a sombra pare de acompanhar a menina para onde quer que ela vá. Fiz oração, promessa, renúncia; mudei os passos, os continentes e até as pessoas. A sombra atravessa oceanos, sonhos e acasos para me achar. E nos sinais mais singelos, eu sei, como num sussurro: você está ali. E sempre vai estar.
Eu gosto de ser parte desta incógnita. Porque eu te juro que os anos estão passando, a gente se transformando e tudo continua ali, me lembrando de nunca esquecer da magia que pode ser os mistérios da vida.
Há gente que crê em outras vidas. Outras não. Outras acreditam em anjos. Outras em carma. E não importa para onde olhar, tentando compreender esse sentimento. Ele pode ser tudo. Ou pode ser nada. Talvez sejamos almas gêmeas de vidas passadas que são anjos eternos de carne e osso nessa única vida, vivda e aproveitada por nós. À nossa maneira. Confuso, como eu. E de repente, nada disso faz sentido. Somos nada. Recalque mal resolvido. Atração evolutiva. Cama mal acabada. Refúgio ou projeção. Nada ou tudo. Não há quem explique a inseparação.
Há um grande fascínio por trás das coisas que não conseguimos controlar. Se você some na realidade, é visitante assíduo dos meus sonhos. Sabe... quando estamos à beira da piscina gelada nos preparando para pular? É você quem grita: Pule!
Gosto de ser quem eu posso mostrar a você. Você é realmente a única pessoa no mundo que já me viu verdadeiramente. De porre. De drama. De alma. E até triste.Adoro não precisar de escrúpulos, de ter anulado a palavra 'desculpa' do nosso vocabulário e da juventude que a sua voz me traz. É você quem tem nas mãos meu coração totalmente aberto. Gosto também quando você me assombra pelas ruas, pelas músicas e pelas pessoas. 
Amo você saber que é preciso ser bom com os outros, afinal este pode ser o único sentido real da vida. Sei que às vezes é muito difícil. Mas se me pedirem uma fotografia sua, entregarei a de alguém que salvou minha vida várias vezes.
O cheiro da chuva. Os melhores planos. Que eu tenho a certeza íntima que um dia se realizarão. E seremos avisados quando esse dia chegar (AMEM!). Você me ensinou a esperar, sem ficar irritada. Simplesmente, porque a vida é assim. Será que somos feitos de arrepio ou de temperatura? De sexo ou de amor? De superfície ou de alma? O meu "não sei". Voltando agora ao começo do texto.
Fico feliz porque a vida escolheu para a minha eternidade aquele que eu mais gostei de conversar. Há assuntos que nunca se findam.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Querida irmã.


Você sabe o quanto o silêncio faz parte de mim. É exageradamente difícil conseguir falar quando tudo que o seu coração quer é permanecer calado. Tenho a impressão de que o mundo está em silêncio, parado. A casa vazia parece muito fria sem você e minha mãe por perto. Todos os dias, quando acordo , tenho 5 segundos de impressão que tudo não passa de um grande pesadelo e que nesse novo dia, acabou. Tenho torcido pra que o tempo passe de pressa e que você volte logo pra casa.
Eu não sei se você se lembra, mas quando éramos pequenas, viajávamos nós duas no banco de trás, em meio a edredons e travesseiros. Nossos pais iam à frente. Nós gostávamos de dormir no caminho e um dia tivemos uma de nossas grandes ideias. E se a gente se encostasse, de forma que você deitasse no meu colo e ao mesmo tempo eu deitasse nas suas costas? Neste dia encontramos a posição mais confortável do mundo para seguir qualquer viagem.
Muito tempo depois, na última conferência que participei, a moça abriu a palestra com uma fotografia idêntica àquele jeito nosso de descansar. Ela definiu a imagem como reciprocidade. Simplificando, isso quer dizer cumplicidade. E eu não sei se falo primeiro do nome, do jeito ou da tatuagem.
Confesso que tenho um velho costume de colocar nome nas pessoas de acordo com o que elas significam pra mim. O seu sempre foi cúmplice. Segundo o dicionário, quer dizer  “Alguém que participa de algo”.
Quando a imagem apareceu na tela da convenção, não pensei em alguém que participa de algo. Pensei que estamos juntas, aconteça o que acontecer. Pensei na sorte que eu tenho de te ter como irmã. Estradas podem nos levar a cair, ou bater a cabeça, ou passar em um buraco. Assim como a vida.
Lembra-se da nossa música? Em Contatos, dizemos que não devemos nos desencostar, vá que por acaso falte o equilíbrio? E nessa jornada toda, quando eu olhava pra você eu via o equilíbrio que me sustentava. Não importava o caos que a vida se encontrava ou a loucura que meus sonhos alcançavam. Você sempre estava ali para me apoiar, contra tudo e contra todos.
Eu não me esqueço de tudo que já tivemos que passar. Eu não me esqueço das dores e nem das confidências. E não me esqueço da África.  Você foi e sempre será minha primeira concepção de confiança no mundo. Sei que posso contar com você e que posso contar para você. Mas acima de tudo, eu lembro que passamos por toda essa jornada de mãos dadas.
Seu nome e o meu tem a mesma origem. Assim como nossas vidas. Tamires quer dizer “alta”. E você cresceu muito. Assisti sua alma se tornar gigante e dar orgulho a todos que a cercam. Ficar sem o seu sorriso e suas risadas sem nexo é insuportável.
Se pararmos para pensar, são os irmãos que vão nos acompanhar pelo resto da vida. São eles nossos únicos vínculos com o passado. E tenho certeza que estamos escrevendo uma linda história. Te espero para conhecer a Disney, para ir ao seu casamento e pra que você seja madrinha dos meus filhos.

Me lembro das vezes que você teve que me carregar nos braços. Mesmo com sua pequenez, a irmã caçula, você não me deixou cair quando a minha vida esteve mais escura. Neste momento eu te carrego em meus braços e meu coração bate junto ao seu. Te peço que não tenha medo. Se eu puder pegar seu medo e sua dor e colocar dentro de mim, eu vou buscar. Na verdade tatuamos a alma. Infinito. Incondicional. Indefinível. Incomparável. Amor. Amizade, Esperança. Te peço um grande favor: que você continue a ser meu milagre. Te amo além da eternidade.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Santo Agostinho




 “Ama e faça o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”.

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Novelo.






A primeira reação é espontânea, de um ciumento. Tudo tende à quebra, o real pende para a mentira. Tudo que se quer é bater. O engano foi seu, de seus olhos e de sua fé. O senso de ser uso, não útil, mas descartável, te joga no lixo. Nada era especial. Eram só estrelas e existem milhares delas. Você foi mais uma ou acreditou em estrela cadente? Depois, a segunda reação. A amiga ferida é um soco no coração da menina. Revolta. inacreditável. Pasmem! Como isso é possível. Acho que isso não cabe dentro da minha cabeça. Será que a destruição é requisito do fim? O feio é exigência do belo? Será que todo fim tem um recomeço? Ou existem fins definitivos, coisas e corações que não se colam nunca mais. Tudo que você toca certamente morre. A vontade aqui também é de bater. Em todas as faces. Fases. Tudo passa. Não há consideração. Toda forma de amor, justifica qualquer desvalor? Não há homem. Não há mulher. Não há humanidade. Não há a mínima lógica. E agora a face natural da razão. E se por fim, só se encontraram, o cuidado e aquele que sempre careceu. E se fosse para ser? E se o Russo estava certo, 'quem um dirá irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração'? E se fosse só um grande amor? Que sejam felizes. Que deixem a paz em paz. E se nada for? Sábio aquele filósofo. Só sei que nada sei. Acho que se a gente soubesse, nada seríamos. Cabeças explodiriam. Mas quê sou eu? Só sei que sinto. Imensa dor.