terça-feira, 29 de setembro de 2009

O primeiro divórcio.


O que foi o matrimônio? O que o feto causou. Eu era um feto. Havia amor, sem dúvidas. E havia teimosia de moça jovem também. Aqui cabe o termo nunca: nunca saberei aocerto como teria sido a história se o feto continuasse existindo sem o casamento ou se o feto desistisse de existir ( talvez você tivesse razão quando disse que as coisas seriam melhores). Três anos depois outro feto chegou. Uma benção! E depois desse feto não imaginar como teria sido se o primeiro feto existisse sem o matrimônio, nesse caso seria melhor nem existir. O que causou o segundo feto? O matrimônio. Eu sem o segundo feto não seria metade do que sou hoje, tudo teria sido menos amizade, menos alegria. Há casos que os filhos são 'poupados' das dificuldades de um matrimônio, uma casa, um lar. Minha mãe foi um desses casos, meu pai foi um dos casos contrários a esses. Eu e minha irmã sempre sabíamos de tudo. Soube de certas dores e lágrimas muito cedo, e sim elas poderiam ter sido evitadas. E não comentá-las é evitá-las ( entendem?). "O parto ocorre. Parto-me." A separação já era esperada desde eu-feto. Essa é uma história regada ao amor, e a tudo aquilo que destrói o mesmo. Se houve traição, não foi extraconjugal. Trairam-se a si mesmos por esquecerem que amor se mantém se for cultivado e demonstrado todo dia. No lugardas palavras doces, ouviram-se berros. O abandono veio na doença e depois na saúde também. Os domingos de guarda deram lugar ao álcool, que foi impregnando posteriormente todos os dias da semana. E o dinheiro... tornou-se o único assunto e a briga de cada dia. Sem honestidade, vivíamos num lar regado à teimosia e falta de diálogo. Nos meus dias de tédio revivo esse silêncio cortante, quente, incômodo regado por promessas vagas. A separação já não era esperada.. era ansiada, desejada, urgente . Não sofri. Fui paralítica. Impassível. O que lamento é a saudade dos momentos alegres, raros e deliciosos que vivemos juntos. E se houvesse outra chance? Só acrescentaria mais dor e frustração. O que foi já não volta e não somos os mesmos. Estranhos do que um dia foi um lar. O que me dói é que não é justo ser assim, e tivemos tempo suficiente para consertar as coisas. Entretanto não o fizemos. Se não fizemos foi por falta de querer e esforço, que são ... ações voluntárias. Me explique então essas lágrimas no seu rosto? Porque você chora se além de carinho me nega também o material? Carinho já seria exigir demais de ti, mas nem se importou quando eu estava com fome ou doente. E ainda diz que me ama, e agora chora. Lágrimas de hipocrisia. Só me enojam mais. O divórcio separa cônjuges, mas você não soube separar as coisas e acabou me separando de ti também. É fato que não consigo sorrir tão inocente quanto o bebê que você gerou, mas a mulher que fui obrigada a ser reegueu a cabeça e mesmo com a bagagem que sangrei, continuo sorrindo e até sou feliz. Quero dizer-te que casei de novo, e agora é recíproco.
- Avohai!

Um comentário:

.RTA disse...

Seria bom ele ler, mas como ja mostra, não faria diferença.