domingo, 21 de abril de 2013

À espera de um milagre.



Enquanto embarco no ônibus para a minha cidade favorita, penso: onde se escondem essas pessoas interessantes na minha cidade? Porque elas se escondem se deveriam estar nas ruas que é para tornar minha cidade um pouco melhor? Mas não, elas fogem como eu. Fogem de uma cidade que não faz questão de que você se sinta em casa e nem de acolher os filhos teus. Temo que minha cidade favorita esteja infestando-se de feiura também e isso seria uma dor gigante. Onde está o refúgio? Para onde os passarinhos voltam? Onde foi parar minha fé? Nesse escuro gelado sussurrado pelo vento sobre rodas, minha cabeça gira de felicidade por partir. No ônibus assisti a um rapaz que muito me lembrava o que eu era algum tempo atrás ou o que eu acreditava ser o exemplo de ser humano. Ele carregou a mala pesada da senhora pequena e cedeu lugar para uma outra velhinha. Ele vestia roupas de hippie. Olhei pra ele e fiquei triste pois só consegui pensar em ilusão e me perguntei o que ainda mantinha a fé daquele garoto tão viva. Fico me perguntando como me tornei isso e se algum dia essa caminhada para o me tornar mais um irá cessar-se.

Quase que eu eu.



As pessoas falam, falam e falam demais. O mais difícil é perceber quando falam com o coração. Tem chovido muito e assim como as águas, eu caio. Sei que chover é necessário e sempre amei tomar banho de chuva. Assim como as águas, caem perigosamente minhas verdades e minha fé. Sei que 'Deus está na chuva' e por isso ela traz vida. Mas enquanto cai, a chuva destrói, para depois restaurar com esperança. Apesar de amar os banhos de chuva, ainda não é hora, pois por enquanto... Caio.

Minha fé deu um nó (cego?)


É triste como tenho presenciado cenas de ódio e fúria tão frequentemente. Se você me pedir exemplos de cenas deploráveis, posso citar infinitas. O que é mais triste é que eu não assisto jornais. Não é a TV que vem me enviando tais energias. As más vibrações estão ao meu redor, me tocando, e ainda posso limpar a saliva gélida no meu rosto. Com tantas cenas de horror, quase não me lembro aonde o amor foi parar e nem posso citar exemplos. E isso me assusta e me impede de sair de casa. E é por isso que é tão difícil ficar de pé.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Hoje me senti vomitada pelo mundo. Tudo aconteceu de repente.De repente não porque foi do nada, visto que teve uma causa muito em definida e delineada. Foi de repente porque no meio do corredor eu pensei que hoje eu até que estava indo bem, já que eu estava até sorrindo mais e já tinha ganhado quatro abraços seguidos. A vida trágica e cômica me faz rir de tanta dor.E daí vem o de repente, quando você acha que está conseguindo respirar no meio da areia movediça e te estapeia diretamente na cara. Dias assim me dão vergonha de pertencer à raça humana. Na série que eu assisto o personagem principal adora falar que uma mudança de caminho mudou a vida dele toda. E é verdade.  Às vezes o destino faz coisas que só vou entender mais tarde, e essa é uma delas. Hoje quero gritar porque a vida da gente se transforma em um furacão da noite pro dia. Nesses dias a culpa é toda minha e eu me envergonho de ser eu. Não bastasse isso, sempre tem um idiota que vem de algum lugar para esbarrar em você e fazer um grande estrago quando você está no máximo da sua fragilidade. E o que acontece? D-E-S-A-B-A. E hoje não tem quem segure porque as somas dos pesares pesam muito mais que eu nos meus próprios ombros. A crueldade humana me faz querer pertencer à outra raça. Lamento muito. Acho que talvez Deus queira me mostrar que a melhor forma de me relacionar com as pessoas seja essa forma breve, que dura 21 dias, inocentes o bastante para impedir que haja qualquer risco de um envolvimento maior o que, sem importar o tipo de relação estabelecida, encerra-se em flagelação, machucado, perca da fé. Seja por culpa minha e do meu poder auto-destrutivo, ou por outros, na uma gélida incapacidade de lidar com um outro ser humano utilizando-se pelo menos da educação. Lembro também da Espera de um Milagre, e a dor de John Coffee quando finalmente falou sobre o que acontecia na verdade todos os dias no mundo, as pessoas se matam com o próprio amor. Hoje eu consigo entender o cansaço que aquele personagem se referia, mal posso aguentar meu corpo. Alma? Está de brincadeira. Não consigo entender a lógica do que as pessoas fazem com esse mundo e uns com os outros. Se eu não viajar para algum lugar mental longe daqui não sei se poderei ficar em pé amanhã. Outro dia, eu e minha mãe falávamos de Coríntios 13, minha passagem da Bíblia preferida. passeando por essa cidade e sentindo nas veias tudo que as lembranças podem me contar através dos lugares que andei queria voltar num tempo em que eu acreditava e tinha uma fé gigante na certeza de um amor inabalável. Amor pelas pessoas. Achei que tinha me recuperado em orlando, mas a minha fé era trilhões de vezes menor que um grão de mostarda. A dor dilacera meu coração neste quarto escuro, que gira e me leva a cair. No lugar do coração, trago um buraco, cultivado a cada dia por milhares de insetos interiores. Hoje eu me pergunto, que amor é esse? Pertence a raça humana ou somente um Deus poderia senti-lo e praticá-lo? As pessoas me dão uma grande cansaço e o ideal seria dormir por dias e dias. Mas já que eu não posso e tenho que continuar não sei porque, vou girar neste quarto vazio, com meu coração vazio, apertando meus machucados, vomitando tudo aquilo que me mata e abraçando tudo que eu não entendo.

domingo, 7 de abril de 2013

Declaração de Independência.

- Esse é para te ajudar.

De hoje em diante, declaro que você nunca mais terá que tomar coca-cola zero. Faz mal para os rins. Nem comer no McDonald's quando já não aguentar mais. Ou sujar seu jeans na terra molhada do morro da Capuava, porque lá me dava paz. Você não terá que acordar domingo as dez da manhã pra preparar o café para alguém que está morrendo de fome, ou dormir de janela fechada, quando na verdade o que você gosta é de olhar o céu. Menos chocolate, e mais sorvete. Menos séries de humor e mais criminalísticas. Menos desconfianças e promessas e mais realizações. 

Amém.

sábado, 6 de abril de 2013

Não tinha medo o tal João de Santo Cristo era o que todos diziam quando ele se perdeu.

Sabe andar de avião encoberto em neblina? Não dá pra ver nada, cara. Não enxergo um palmo á minha frente. Como eu previa o final de semana chegou, rasgando tudo o que há por dentro, fora e ao redor. Em uma cidade que eu não gosto não há mais nada que me prenda e por isso essas lágrimas e os socos no volante. o pé vai bem, roxo. Mas dor física nem se compara à dilaceração que está tudo por dentro. Nesse muito tempo que tenho tido para pensar me lembro sempre de uma amiga. Primeiro olho para o meu quarto que está um regaço. Penso, vou te arrumar logo. E o ânimo? Não vem mesmo. Daí eu me lembro dessa amiga. um dia ela me disse que o quarto da gente é o retrato da nossa alma. Putz! Acho que estou perdida. Lamento pela minha mãe, sabe. Mãe sempre preocupa com essas coisas. calma, ainda tenho 21 anos. essa amiga dizia também que a gente só dá conta de arrumar quarto e o armário depois de organizar as coisas por dentro. O problema é que eu não sei por onde começar e não estou querendo. esse cansaço casado com a falta de sono deixa um lilás escuro nos nossos olhos, que não conseguem sorrir, apenas úmidos. Eu estou nesse avião, porque é péssimo a sensação de estar em um, eu espalho a fumaça, mergulho na neblina, é fumaça para lá e para cá e nada. Fico me perguntando se Deus ainda tem planos para minha vida. tento ver alguma coisa de um futuro, mas que futuro? E se Ele não tiver? Eu rezo para que tudo cicatrize da melhor forma possível, mas por enquanto tudo o que vejo é nada. 

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Por que Talita Confusão? II


Estou diante de um abismo. Na África era diferente porque por mais que estivéssemos a oceanos de distância, você estava ali comigo o tempo todo, dentro do meu coração. Agora tenho que te mandar embora de dentro e fora de mim. E não é nada fácil porque enquanto as coisas ainda fazem barulho a gente consegue fingir um pouco e ignorar a dor. Mas na madrugada tudo fica em silêncio, e daí o barulho da geladeira soa como um grito que chama essa dor dilacerante de te ter em tudo, em cada pedacinho. Eu sempre soube que depois de anos de uma vida vivida e sonhada juntos, me esqueceria de como é viver por mim mesma. Agora tenho que aprender a viver sozinha. Não posso mais te trazer em meu coração porque você não quer estar mais lá, e eu compreendo. Nesse abismo, eu olho pra baixo e vejo infinitos recortes de uma vida de 21 anos. E um deles especificamente me chama a atenção. Volto agora aos meus 16 anos e vejo que o ciclo se repete, como em várias coisas da vida. Sempre tive essa capacidade gigante de estragar as coisas, causar certa dor ou carregar tamanha dor em mim. Me lembro que aos 16 anos eu era conhecida como Talita Confusão! e isto não me incomodava, porque adolescente é um bicho que ninguém entende. Estava satisfeita de ter uma marca minha. Mas hoje me pergunto em que parte da minha vida isso tudo começou e porque? Será que existem culpados? Tenho essa capacidade de espalhar confusão na vida das pessoas. E não é que esteja ou seja confusa com os meus sentimentos. É que sou dona de uma personalidade ambígua nessa sociedade que já não é nada fácil. Espalho caos em tudo que toco e já não sei mais se tenho tanta certeza que carrego certa luz. Por enquanto meu mundo anda amarelo polaroid e estranhíssimo. Por um abismo, passamos sozinhos. E eu te desejo sorte e torço para não recordar coisas boas ou ruins. Na verdade a memória é um veneno. Gostaria que não houvesse recordações. Talita Confusão!, voltou. Ou melhor, já que essências nunca se esvaem, assim essa menina nunca se foi.