segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Cheiromorfismo


Sentimento é que nem planta xerófita. Eis que nasce, do nada, num deserto. Acha o chão que combina e pronto. E se a gente não rega, ele permanece. E se a gente ignora, ele cresce. E se a gente tenta sufocar, ele cresce e quem sufoca somos nós . Cresce cada dia mais, no esconderijo. Dá flores, frutos e espinhos e nos deleitamos em cada um deles. Seus ramos vão rompendo barreiras, quebrando as barreiras, demolindo as barreiras. Nada de não. Nada os interrompe, nem caatinga, nem rotina, nem sertão. Até que não possamos mais ignorá-los, afinal, existem cactos de quase vinte metros de altura. E isso porque eles nascem no descaso total da natureza, na tentativa de homicídio constante. Estão lá, bem no fundo de nosso estômago, na eminência de nos fazer perder o controle de vez. Cactos deveriam se chamar teimosia, mas de tão teimosos que são, teimam em se chamar amor.

Um comentário:

Andressa Hirako disse...

Olá,
perfeita a sua reflexão, concordo plenamente.
Parabéns pelo blog, sempre que leio ele me admiro (: