terça-feira, 20 de abril de 2010

Louca.


A sede cresce deserticamente com a agonia do tempo que passa. Eu era um cativeiro, e seus dentes, e poros, e lábios, e saliva eram toda liberdade que eu sentia falta na prisão. É como se te beber tivesse toda enzima exata que minha língua tem urgência de sentir. O primeiro gosto que eu quero sentir quando a luz tocar meus olhos, ou o último adeus que quero tocar na escuridão. E agora estar livremente presa...Amar é sempre uma contradição, essa confusão, essa inconstância totalmente apaixonada. São mais de dias a fio a beijar-te e afogar-me na sua boca, e morrendo afogada continuo a sentir sede e mais sede, uma sede de dois corpos desidratados, a sede do molhado que me afoga. Afogo-me nunca pelo excesso, afinal o encaixe cada vez mais perfeito de nossos lábios é ingrato demais para me satisfazer. Afogo-me na saudade. E assim querer mais e mais, e olhar para o relógio e para os lados, e até mesmo para você ao meu lado e mesmo assim sentir saudade de beijar-te efusivamente, ou calmamente. Mas é você entende? E de repente há de se chegar o dia em que beijei deliciosamente os mesmos lábios felizmente para sempre.

-"E sempre, e tanto..."

3 comentários:

Chico Muniz disse...

"Felizmente para sempre."

Nisso cabem tantas reticências...

Unknown disse...

Adorei!

Talita Confusão! disse...

é, é que pra sempre é sempre mutável... nunca chega, já viu?