sábado, 22 de maio de 2010

Monólogo com quem dialoga.




"- Ele...veio? Elequioquê? -Ele... Elec... Electri... -Electricidade!"
- Oi moço! Tá sentindo?
- Sentindo o quê? Um abraço?
- Não! Além do abraço, bem ali no oco de dentro... viu?

- Hã? Onde menina? Que coco? Tá oco?

- Hã? Não!!! Coco não! Nem o Coco gato, nem o outro. Vazio. Oco. Eco no poço.Que de tão vazio nem cabe acompanhá-lo de outra palavra, a não ser: Vazio.

- Eco? Eco! Que vômito!

- Fede néh? Mas antes cheirava. Era doce. Sabe pirulito, algodão doce, essas coisas? Mas tem que ser colorido pra ser mais cheiroso.

- Sei. Pelo que eu vejo agora é de duvidar. Cuidado! se não você cai! Agora cheira é lágrima com vômito. Só o cheiro que eu sinto, dái acredito. O tal do vazio? Vejo não. Não tô aí dentro! Aliás, quem é você mesmo?

- É cheiro de amor. Parece o nome daquela banda neh? Sei quem eu sou não, oras!
-
Sabe sim. Espia mais de perto. Bem aqui, óh!

- Quero olhar não moço! Tá de tarde. Tá salgado. E eu gosto de .... AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!

- Viu?
- Vi?
- Quem é essa?
- Eu.
- E quem é "eu"?
- Não sei!

- Mas você já foi você antes?

- Já! Tenho até história, e passado! Mas passado chama passado porque passou. Eu passei. daí o hoje é presente. E Me ganhei de presente no presente. Mas, ôxi. É diferente demais do passado. Ainda nem abri a caixa. E agora mesmo ele já vai virando o que passou. E eu ainda nem abri a caixa. Preciso de uma casa e de um roteiro pra isso.

- Cê vai cair filha! Roteiro? Você sabe onde quer chegar?
- Mas que porra! ( desculpe-me os modos) Mas eu já tô caindo, não vê? Já pulei faz tempo! E isso aqui não acaba. Ainda bem, porque a gente esbarra numas coisas, rala ali e acolá, mas a vista é tão bonita que dá gosto. A gente voa?
- Você quer voltar a ser o ser de antes?
- Eu disse isso?Éh, tenho mesmo de tratar a memória. Nunca quis tanto não querer isso. Quero não. Quero esse presente aí mesmo. Quem sabe tem futuro junto dele?

- Então o que você quer afinal?
- E eu sei? Tô sem fé. Como examinar isso tudo se não acredito em nada?

- Nem nos olhos?
- Muito menos. São os que mais se enganam. Já me chamaram ponto de luz, áurea forte, coelho...
- Coelho... Te lembra essa história de vocês e do que ela te mostrou!
- Neh. Moço?
- pois não?

- tem como você trocar meu "eu", por outro eu? Tava querendo um com o coração novinho, que não tema pisar em montanhas russas, e que não tema a segurança dos cintos de segurança das montanhas russas e que nas viradas ponta-cabeça e nas descidas não deixe o chocolate cair... sabe?

- Ih mas tem não! Nesno você achando que não abriu a caixa, ela já lhe pertence. Você pode transformar seu eu (mágico) num eu que você queira se tornar. Agora aguente pois só há você aí dentro! Não esqueça de reconhecer os outros sozinhos que lhe trazem a paz e as flores necessárias para lhe ajudar a não vomitar quando seu eu estiver te enjoando. Quando você estiver cansado de ser você, pense bem... Até que você parece um coelho!
- Éh, e a imagem dos olhos vermelhos é sempre a última coisa que fica.


Reticências.

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