domingo, 9 de maio de 2010

Às fotografias que não estão mais no meu mural.


Pessoas são como estrelas. Existem as galáxias que se encontram. Quando as galáxias se encontram, as estrelas se encaixam, como se se fundissem... mas na verdade cada uma continua a ser como sempre fora antes: uma estrela que apesar do encontro com outra estrela, no fim só ela que sobra, só ela continua consigo mesma. Mas isso é para quem olha de fora, porque para as estrelas que vivem a completude, pensam sempre que a fusão realmente aconteceu. As estrelas acreditam na eternidade, e dentro do grande laço onde estão juntas, nada parece nunca passar. O final que é uma ilusão, e não o presente. Mas o que será que determina esse quando, esse onde, esse qual de se encontrar, de se mostrar no outro, de se sentir à vontade na presença de alguém diferente? Tem gente que diz que é destino. Não sei. Acho que a fase de cada estrela esculpe um tipo de peça, e aí a estrela vai viajando, além e além até encontrar uma peça esculpida que se coloque muito bem na sua forma. E daí o encaixe, como imã ou algo assim. Essa atração, esse pertencer. Não deixa de ser um destino. Um fruto da aleatoriedade. E as estrelas que se tocam não enxergam nada além. É como se o universo fosse uma bolha protegida, e dái as estrelas se amam como se não houvesse perigo e nem medo. Mas o encontro não foi coisa de destino? Pois é. Assim também ocorre o desencaixar. Eu não sei porque. É tudo tão mistério. Mas parece que a gente é moldado de novo, e dessa vez nossa peça não encaixa na estrelinha de antes. Nem por isso a gente deixa de ser estrela, mas é que a gente vai ficando maior ou menor demais pra caber na galáxia de outro alguém. O que passa a desencaixar são os caminhos que mudamos. É que mudamos para caminhos diferentes. Cada vez que uma estrela apaga, deixa um buraquinho no céu. Daí talvez a gente encontre a estrelinha dona do buraco por aí e tente encaixá-la de novo no seu devido lugar, mas a borda do céu não abriga perfeitamente mais a peça. Roçá-la no desencaixe, permanecer na tentativa, ranca tinta do céu. Céu é meu coração. Um coração descascado, sabe como é. Essa coisa de machucado e cicatriz. Uma vez eu vi uma estrela morrendo. Ela foi mudando de cor, foi magnífico. Era uma estrela multicolorida, que se não fosse pelo apagão repentino após o espetáculo eu jamais iria chamar aquilo de morte. Porque a beleza era gigante! Dessas de deixar a gente boquiaberta. Tenho certeza que nem toda estrela que morre, que parte deixa uma despedida bonita. Lamentei depois de vê-la morrer, por não mais poder vê-la tão bela. Mas sabe que eu não fiquei decepcionada? Porque essa foi uma estrela que chegou com beleza e morreu com beleza, sutileza, cheia de amor. E amor por mais que vá para outra galáxia sempre deixa o gostoso na boca. Eu também já fui estrela. Agora escrevo isso aqui para outras estrelas, que colocaram anéis nos meus dedos e éramos tão amigas que parecíamos irmãs. Insitir no brilho que se foi, só pela saudade tem sido um erro, porque aí eu deixo de ver toda maravilha de brilho das estrelas que tentam se encaixar em mim agora. A dor de uma estrela chamada amizade deixa na gente o pavor do toque, de ser tocada novamente, do abraço espontâneo. Mas as estrelas elas são assim, dão tchau e quando não morrem belas e roxa e rosa e amarela e azul...Desabotoam-se. E vão ficando longe, longe, longe....

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