quarta-feira, 12 de novembro de 2014

"...o oposto da paz não é a guerra, mas a dúvida."

Quando eu olho no espelho, eu enxergo o nada. Olho para frente e está tudo muito escuro. Percebo que me desconstruí. Tijolinho por tijolinho. Às vezes acho que foi fácil de mais, como num sopro e minha morada já era. Mas aí eu olho mais de perto. Fico triste quando entendo que quem doa demais acaba ficando sem nada. Será que é assim? A maioria das coisas, a gente vai passar sem entender. Por quê ali? Por quê naquele momento? Por quê daquele jeito? Os dias se alternam em gosto de fel, corpo pesado, vontade de dormir e o oposto. De repente me sinto com 15 anos de idade e todas as necessidades biológicas ficam secundárias. É paradoxal desejar a morte e não conseguir abandonar a si mesmo: insone. Não há porquê dormir, nem comer, nem descansar. Nesses dias que não se sabe quem é quem e quem é você mesmo, a vida dá impressão de ser eterna e isso é desesperador. Não se pode piscar, porque não se pode perder nada. De um momento para outro você não tem nada e então não tem nada a perder. A vida se abre numa imensa janela de possibilidades assustadoras e angustiantes. Você se vê obrigado a encaixar-se em lugares que não te cabiam mais. Você se espreme, o coração aperta e lá vem o tique-taque de novo. É tudo uma grande mistura que enjoa o estômago. Você não sabe onde pisar, como se comportar e nem o motivo de sua existência. A paz passa ser o objetivo distante, mas principal. De repente acorda-se num novo dia e pergunta-se: como será hoje? Passou? Já está tudo no lugar? Isso dura por cinco segundos antes de abrir os olhos e ver que respirar ainda dói. Vivo uma mistura do que eu quero, do que eu não quero e daquilo que posso mudar. Viver diariamente na confusão é desesperador. Tenho tentado criar novos preceitos, mas tudo que eu vejo ainda é uma grande interrogação. Quando o cerco se fecha e não se tem para onde fugir, sou obrigada a me encarar de frente. É muito complicado porque tudo é extremo e transborda. É necessário aprender a esperar, a sorrir e ter auto-controle. Acho que não deixar que as emoções tomem conta de você pode ser o primeiro passo. Mas talvez pode não ser. Talvez o melhor seja me entregar a todo esse coquetel de emoções surtadas. Fico esperando o momento de cair, mas esse nó na garganta não deixa meu corpo ruir. E aí vem a vontade de gritar... Mas a pior coisa é não estar no controle da situação, não compreender e nem poder mudar toda essa devastação que me devorou por dentro em alguns segundos de bobeira, me apagou e me jogou no anel do furacão. Será que amanhã vai ser melhor?

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