sábado, 29 de novembro de 2014

Happy Thanksgiving! ou Carta para você, Vida.



Senhoras e senhores,

É com um certo entusiasmo que venho tardiamente celebrar a ação de graças neste ano trágico. Mas não importa. 

Tem uma campanha de publicidade acontecendo no Youtube através da rede de Bancos Itaú. É engraçado porque nós sempre adoramos as campanhas deste banco. Chorávamos várias vezes com os vídeos emocionantes que aconteciam antes da execução da nossa playlist. Mas isso é segredo, neh? Se alguém me conta que chora ao ver publicidade devo manter a discrição, e parecer surpresa: Sério? Mal sabem eles...
Mas enfim, esta campanha faz o seguinte questionamento: qual filme mudou sua vida? Houveram tantos que eu não pude escolher um. Até hoje.
É que hoje eu acordei de mais uma noite insone para passar meu tempo vazio neste laboratório frio. E como tudo que tenho feito é rezar para que o tempo passe depressa, resolvi assistir um filme que pudesse acelerar as coisas. De repente caiu na tela: Sob o sol da Toscana. Nunca deu certo de assistirmos juntos. 
Assim que começou, eu sabia que eu ia amar. Fala sério: duas atrizes da minha série favorita em um filme só? Ver o rosto das duas me fez lembrar a sensação calorosa que eu encontrava em Grey's Anatomy, grande companheiro de noites em claro. Me senti em casa. E sinceramente, Itália? Toscana? É lá que meu coração bate. Mas isso é um outro texto.
Hoje eu vim aqui dizer que Sob o Sol da Toscana mudou a minha vida porque ontem eu fui dormir monocromática, e hoje consegui notar algumas cores. Mesmo que o futuro pareça obscuro, minha bela história do passado me oferece o sopro para seguir em frente.
Gostaria que hoje fosse quinta-feira para que eu pudesse dividir com o resto do mundo meus agradecimentos. Mas devido ao atraso... gostaria de compartilhar algumas coisas que enxerguei.
Os últimos dias tem sido tão traumáticos que eu não cheguei a te agradecer e nem te trazer flores. Viver ao seu lado me ensinou muito: Gostar de água gelada, aprender a apreciar a arte de fazer nada sem se sentir agoniada, me apaixonar pela poesia, silenciar para ouvir o tac-tac do vinil, pentear o cabelo e comer ingá (eca!). Coisas, várias.
Eu gostava da simplicidade que encontrei descansando em você. É impossível não chorar. Porque é tudo muito bonito. Eu não consigo explicar porque as coisas findam e não sou dessas de colocar pontos finais em sonhos, você sabe. 
Nós compartilhamos muito. Muita dor, muita alegria, muita aventura, muito romantismo. Superamos coisas que a maioria das pessoas não conseguiria. Eu sinto muito não ter tido resiliência suficiente para não quebrar. Eu me quebrei, por dentro, por fora e em espírito. Não sei se posso culpar o ano ou não, mas meu corpo não aguentou superar mais. Pelo menos por enquanto, meu corpo não aguenta mais nada.
Se "a casa protege o sonhador" é bem verdade que você me resguardou nestes cinco anos (e três meses?). Você foi meu apoio. Você sempre estava lá. 
Tenho assustado muito ao deparar com um mundo mais cruel do que eu pensava. Nem todo mundo gosta de cuidado e de carinho, sabia? E o cuidado e amor que nos dedicamos me salta aos olhos. Porque são nas contradições que as raridades sobressaem. 
Deus me abençoou com sua vida na minha. Deus me deu uma segunda família e me fez sentir em casa. E eu agradeço todos os dias por conhecer uma alma grande neste mundo caótico. Você caminhou ao meu lado e pudemos sonhar muito, fazer muito, lutar por uma humanidade e bondade que acreditávamos ser o caminho.
Aliás, eu admiro você por ter encontrado o seu. O amor é a explicação, neh? E aí você descansa em Deus.
Eu ainda não encontrei o meu, mas hoje tive alguns bons sinais. Consegui ver as coisas boas, nossas cores e as duas criaturas que são frutos do nosso grande amor. É um amor que não vai ter fim, você sabe. Mas hoje eu queria agradecer pelas suas mãos e pelas noites em claro que você ouviu meu choro e meu desespero, "não sei se eu saberia, chegar até o final" de 2014 sem você. Você me deu seu ombro para que eu conseguiesse levar a minha cruz até aqui.
Hoje descobri, vendo nosso filme que não preciso me encher de vazios e nem fazer das pessoas minhas muletas, esperando que elas preencham a falta de sentido que há em mim. Devo buscar a minha verdade. Será que tenho o direito de esperar por joaninhas? Como aquelas que fizeram sentido muito tempo para nós. Eu acho que conseguimos tocar o mundo e torná-lo um pouco melhor, mesmo com nosso pequeno alcance, você não acha?
Por fim, quis te dar a notícia primeiro e dizer obrigada por você. E tudo que eu mais quero e te ver feliz. Você, sua mão de ursinho e seu coração de elefante. Não se perca mais também, viu? 
Hoje te trago uma flor: Um girassol?

Un bacio, mia dolce vita. 

P.S.: Fellini, pra que a gente não se esqueça das nossas macaquisses: "Não importa o que aconteça. Sempre mantenha sua inocência infantil." Ainda há magia, não é mesmo, palhacinho?

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