quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Fotografias ao avesso.

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Às vezes tenho a impressão de que não passamos de meras vitrines a circular por esse mundo. A pessoa tatuada é taxada especialmente como essa vitrine ambulante. Acho que na verdade as tatuagens não passam de uma bula: decifra-me. Poucos tem essa habilidade de chegar tão fundo na alma de uma pessoa, tornando-se capaz de ler a camada mais superficial do que é ser humano: a pele. Tatuagens são uma espécie de código que conta a história de uma vida toda, e não é apenas um olhar que vai compreender ou vivenciar qualquer tipo de obra de arte. Ou devoro-te.
São poucas as coisas que me irritam na vida. Dentre elas podemos citar grito, trânsito, futilidade e "você vai se arrepender de ter feito essa tatuagem no futuro."
Alguns dias atrás fui abordada por uma senhora: "Uma moça tão bonita, doce e delicada com essas tatuagens. Não pensa num futuro? E se você passar num concurso?". Bom, se eu passar em um concurso... primeiro, se eu fizer um concurso estarei abrindo mão de tudo aquilo que busquei da vida: paixão, desafio e mudança. Se eu passar num concurso e tiver que abrir mão das minhas tatuagens, aquele lugar não é pra mim, porque estaria abrindo mão de uma história escrita em tinta em minha própria pele. Pode não parecer, mas aquilo sou eu. Não é um hobbie. Eu tive que sangrar, e tenho que sangrar todos os dias porque a vida gosta de provar que a gente está vivo e bem capaz de sentir toda a dor do mundo. Sim, um dia quis ser pássaro e agora tenho eles como a utopia da liberdade. Ela é um lembrete, um post-it diário de: não se esqueça de quem você é. E por último, o laço que uniu nós três é de um amor incondicional e infinito.
E ainda faltam muito mais, só tenho 23 anos de idade. Ainda tem a árvore, o espiral, a pintura rupestre e o que mais a vida me apresentar.
Depois me aparece um padre. Poxa! A missa estava tão legal até Deus ser pintado como o cara superficial que julga as pessoas pelo exterior. Engraçado neh? Tudo não passa de um grande espelho humano. Deveria ser ao contrário... imagem e semelhança...
Há um mês atrás, fui apresentada a uma música maravilhosa: Ink, do Coldplay. E agora quando as pessoas me perguntarem se doeu, vou dizer: 'Got a tattoo and the pain is alright. Porque eles não fazem ideia do quanto não dói ser ferido por fora. Um risco na pele não é nada comparado ao interior que desmorona. Será que a gente faz ideia do quanto podemos suportar?
Boa notícia: não tenho mais medo da morte.

E o Chris Martin canta: "All I know is that I love you so So much that it hurts" e Eu BERRO: Got a tattoo and the pain's alright!!!

Um comentário:

G. Somano disse...

Confesso que leio teus textos rotineiramente. Não sei se escreve para que leiam, mas teus textos sempre, sempre me surpreendem. Chego a lê-los duas ou até mais vezes, pelas sensações que você consegue passar quando escreve.
Admito ainda uma pontinha de inveja (daquelas brancas, sem maldade, haha) de eu não conseguir escrever textos como os teus.
Uma coisa é certa. Continuarei passando por aqui.