segunda-feira, 24 de maio de 2010

Quase extra Via-Láctea, numa perspectiva quase cósmica.


O Nietzsche pediu pro meu corpo perguntar a quantas anda minha alma. Ela me respondeu com voz cansada, meio rouca, meio baixa, mas no tanto deslize e machucado a sua voz tinha um rastro de esperança de que algum dia as coisas ainda vão ser muito melhores, uma esperança que ainda resta, como a última coisa que morre quase intacta, escondida e de tão funda, como a profundidade de toda essa dor quase indestrutível. Minha alma quer descanço, quer colo, quer aconchego, quer voltar pracasa de dentro, porque ser nômade desacompanhado pelo coração é agonia demais para quem quer contornar o mundo com os pés. Tem de se estar inteiro, pra se dar por inteiro. Minha alma quer que meu corpo vomite, e meu corpo, numa prova de amor incondicional diz não, um não que só quem ama é capaz de dizer quando o sim causaria tanto mal a quem se ama. Minha alma quer matar tanta saudade, ir a tanta cidade, abraçar tanta árvore. Minha alma quer dormir com o corpo, fechar os olhos e quando raiar um novo dia, olhar os mundos com os olhos cheios de amor. Minha alma quer acreditar que às vezes um ponto final é a melhor maneira de terminar um texto. Ela quer um esparadrapo gigante para restaurar o corpo que lhe serve de templo, de marcador de tempo e de transporte nas distâncias. Ela quer um rolo compressor grotesco, que esmague todas as invejas e más línguas que lhe cansam. Quer absorver os filmes, os livros, as peças que fazem par com a solidão. Quer voltar a encontrar ajuda e sentido em todos os clichés e filtros-solares e empirismos. Quer ficar meio zein, um tanto desligada, um tanto desimportantada, despreocupada, sem mais satisfações. Quer tirar da chuva ou da insolação o peso de ser "porém" e "se" e transformá-los em cenário pelo seu passeio pelo mundo. Quer andar pelo mundo como quem passeia e até acha nas pessoas algo de interessante. Quer aprender a dormir tarde, acordar cedo ou nem dormir, porque afinal já amamos o insônia nessa mesma madrugada. Minh'alma quer os ombros menos contraídos, como se não fosse preciso esforço para que o corpo mantivesse os pesos de pé. Quer um pescoço com menos dor, uns olhos menos inchados e músculos menos febris. Quer tirar férias dessa coisa de ter que nadar um milhão de quilômetros diariamente contra a força das correntezas de um mundo grande e pesado que só sabe torcer contra. Quer parar de correr uma maratona por segundo na ânsia de provar a quem nunca lhe teve fé, sobre seu caráter, tentando provar arras-tan-do quem se é afinal. Quer acreditar que se as pessoas tiverem de ficar juntas não há nada que vai impedir, e que o amor é bem mais forte que a espera, mas essa fé só é possível se o término um dia terminar afinal e virar um recomeço de duas partes. Quer a paz que só os "meus" proporcionam, por me saberam como sou, por saberem meu amor, sem desconfiança, como frutos das sementes que plantei. E se possível quer que a pessoa que gastou comigo alguns tantos meses tanha duvidado no começo do meu amor, mas que no fim tenha certeza absoluta de sua grandeza. E que meu amor possa amar-me só com um meu poderia me amar, na certeza de que eu fui verdade e de que juntas fizemos uma bela verdade que eu sentir saudade e que os dias ficarão muito muito longos e que os outros, que são só os outros, estavam errados o tempo todo. Quer não morrer quando tocar a cama, a beirinha ao lado do corpo que adormece, e perceber que a cama, depois de tanto tempo, está esfriando...

Um comentário:

Jeferson Cardoso disse...

Alma inquieta, ainda tem muito pra se viver.
Bem, qualquer coisa eu estarei em meu blog (http://jefhcardoso.blogspot.com) onde falei sobre os dois dias que nos resta de vida.

Abraço do Jefhcardoso.