quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

If the flyer was blind...


"Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Asas!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar..."
Queria ser veterinária, e criança...Desde quando eu tinha cabelos curtos e chanéis e usava sapatos de boneca e uniforme azul e rosa, me lembro de amar redação, mas eu queria ser mesmo era veterinária. Me empurraram num lugar e vi meus ossos crescendo, minhas roupas pequenas e meus prazeres mudarem... Passei a respirar letras, não sei por qual chave, e me apaixonei por um tal de jornalismo que passou por mim meio tímido e depois me enlouqueceu: virou meu sonho, minha angústia, minha delícia e meu futuro. Passei a ter insônias nas quais delirava de prazer, pois era acompanhada por Clarice, Rubem, Sheakespeare, Rousseau, Arnaldo, Marcelo... e não havia companhia melhor.Eu conheci minha sátira, meu choro, meu riso nos meus textos e nas minhas leituras. Cada palavra que saía dos meus dedos me aproximavam mais do ponto em que eu seria minha. Me divertia escrevendo, a ponto d enem notar o passar carrasco das horas. eu queria estar de férias logo para poder escrever atoa durante todo os dias. Daí comecei a sonhar, minha ambição cresceu e dediquei meu mundo às páginas em branco que me encontravam. Adoro o silêncio, mas o poder das palavras me domina. O que eu escrevia passou a ser banal aos meus olhos, eu queria mais... eu e minha obcessão corrosiva de querer mudar o mundo... vi que palavras chegam a convencer e vencer toda forma de ação, e que essa seria a forma que eu tanto busco de tocar, chocar e sacudir esse desastre cego sem humanidade no planeta contrário e repugnante que me chama para fazer revolução.


Um ano se passou e eu que sempre odiei essa idéia de vestibular passei a não suportá-la mais, é a forma de hipocresia mais nojenta que vence até a hipocresia de ser humano. É estúpido medr conhecimento por notas, excludência e uma carga de conteúdo inútel e escravizante. Meus amigos vomitavam horas com a bunda pregada na carteira, detalhes de cada página, e eu? matei aulas e fui ler nas entrelinhas dos olhos das pessoas e subestimei o universo em que eu era obrigada a faezr parte. Não me arrependo nenhum pouco desse meu ódio vital, nem de minhas prioridades, que isso fique claro. Mas dei com a cara na porta, porque infelizmente o sucesso do meu maior sonho dependia dessa indústria vetibulosa... e agora me vem uma memória de uma fala da Marina, que me faz rir... por ser tão certa. :" Para você mudar o que está errado você vai ter que participar desse meio sujo, pular fora não vai mudar nada." Infelizmente ela está certa e eu odeio que ela esteja certa, porque conviver num mundo que me dá náuseas para simplesmente mudá-lo é muito pouco intenso e sincero para mim... então gostaria de ignorar isso, mas não posso mais.

Andava meio morna e mesmo assim coloquei o restinho de coisa boa que restava em mim e que o mundo não conseguiu assustar na universidade. Por sinal, não fui aprovada, não ingressei. e agora? Vejo um vazio escuro cheio de mil possibilidades, mas estou patinando sem mover-me. Estou com medo, confesso... medo de que minha fraqueza seja maior que meu fracasso, de que eu me esforce e gaste quanto tempo for preciso me preparando para chegar ao meu sonho e quando alcançá-lo ver que aquilo não era nada que eu queria... tenho medo de que meu maior prazer se torne rotina depois que se transformar em obrigação...que minha criatividade me abandone de vez, que ser escritora me faça perder completamente o fio que me separa da insanidade. Depois de tantas lágrimas, pensamentos pessimistas e noites insones, a única certeza que tenho é que não quero estar aonde estou, que quero um mundo que não é goiás e nem esses rostos clichés que vejo em cada esquina. Continuo não sabendo o que esperar, crer ou fazer com meu pouco tempo restante de vida... mas quero estar escrevendo sobre outros medos, evoluídos e vencidos. A vida me encanta e me assusta. talvez quando minhas crases, travessões e tils pararem de vagar por aí e se aconchegarem em outras linhas, de um outro texto, de um outro lugar eu possa odiar menos meu amanhã incerto e o fato de eu estar crescendo desesperadamente rápido demais para o meu desejo. E cá pra nós, VIDA! Se a corda estiver muito bamba, ou o cenário escuro demais e apesar do meu pesar de saber que por vezes estarei para ti como palhaça ou estrela, me agarrarei nas mãos que dividem o picadeiro comigo ou mudarei de magia quantas vezes for preciso para um dia, no dia mais importante, poder olhar para você, VIDA-MORTA, e dizer que te declaro derrotada por minhas próprias mãos, que escrevem, que comem, que amam... que, mais uma vez, levantam.

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