quinta-feira, 12 de março de 2009

Sobre os olhos.


Outra coisa que está na categoria das "coisas que eu mais admiro na natureza" são os olhos e seu jogo mágico de cores e expressões. O olho, que tanto achamos belo, na verdade é uma venda... e não falo de falsidades e afins.


É interessante e óbvio que o tempo muda e cabe a nós mudarmos com ele ou permanecermos estáticos presos a nossa falsa moral intacta. Certamente já imaginou-se deficiente físico ( pois metafísco já somos demasiadamente). De todas as deficiências físicas eu costumava temer a deficiênia visual. Achava mais fácil nascer e morrer cego; mas o fato de nascer vendo e tornar-se cego me assustava demais. Enfim, cegueira era sofrimento e só. Imagina a dro de não poder mais ver um pôr-do-sol, o rosto de quem se ama, o espetáculo de um arco-íris. Sim, essa perda dói. Mas a cegueira me revelou outro lado de suas faces. Caríssimos, a cegueira é uma benção! Como seria um mundo cego? Começaremos pelo tato ... o deficiente visual precisa tocar as coisas, sentir sua textura, seu calor ... para reconhecê-las. A falta de tato seria exterminada pela sua necessidade. Cada toque nos dias de hoje, age como um choque, algo proibido, pecado, perda de tempo para um mundo que só age... sem parar para respirar. Não são só os carros que estão blindados, os seres humanos estão mais blindados que eles. ( Duvida? Sua palma da mão está aí o tempo todo, mas você dificilmente a sente presente. Vé me frente e procure sentí-la! Verás que é um sentimento bem novo.) Cada manhã acordo querendo pintar meu dia de uma cor distinta do dia anterios, mas não posso fazer isso pois as cores são concretas, vende-se em lojas e custam dinheiro. Cego, minhas paredes, as flores , os olhos ... poderiam ser repintados pelo que me é direito ... colorir pela emoção, minha ou do outro. Acreditar no que o outro fala é coisa rara, pois insistimos em nos mascarar pelos medos... da efemeridade das coisas, do sofrimento, da decepção ... Por onde anda a tal da Confiança? Certamente escondida atrás daquele costume de "não ouvirmos, mas apenas esperar nossa vez de falar." Depender dos outros seria a alforria de libertação do nosso mais rígido casulo de egoísmo. Depender não significa acomodar. O cego tem de lutar mais e ir perto das coisas, contando tantas vezes com a cumplicidade alheia, mas no fim.. ele anda apenas com suas pernas. Sobre o cheiro? Ah.. o cheiro ... aquele amigo que se desintegrou com o emaranhado dos "fast-foods"e matou o cheiro do pão de queijo quente ... do café com leite em casa, do suor, do sexo, das flores, da urina, do cabelo da sua mãe... do meu, do seu ... Cheiros disfarçados por perfumes caros, detergente e desodorantes que no fim deixa tudo com um cheiro de shopping, de embalagem reciclável que anestesia e faz dormir o olfato humano. O espelho... seriam todos quebrados para alívio geral! Aquele mosntro que salienta os "defeitos" ( que na verdade são apenas a diferença, a beleza fundamental e individual) e nos faz querer ser iguais, padronizados, agradar a visão de outrem para satisfazer o ego. Não existe beleza, existe padronificação. Num mundo cego dificilmente haveria tantos padrões fúteis. Poderíamos nos vestir daquela roupa que tanto dizem ser ridículas mas que nos deixa tão bem e confortáveis. Não compraríamos tantas roupas e acessórios excessivos, pois aquele mesmo detalhe poderia ser repintado várias vezes pela nossa imaginação. A vida deveria ser simples, mas a complexidade de ser observado o tempo todo e não saber lidar com isso, sufocou seu real sentido. Não enxergaríamos tantos sonhos comuns que no fundo não é nada daquilo que combina com você, e não seria tão louco ter seu próprio sonho, seu próprio passo. O que mais me irrita é a confusão predominante de confundir amor com desejo, que num mundo sem visão repousaria na sua falsidade. O amor despertaria de seu longo sono e nos ensinaria que amar é amar o ser amado e não o desejo. Amores mais profundos, menos brutos.. crescentes na curva de cada detalhe íntimo sentidos de perto. O beijo teria mais gosto, os ingredientes daquela receita seria sentido no seu paladar. Tudo não teria um gosto uniforme do todo. veja só que contradição! É necessário perder a visão para se ver verdadeiramente os detalhes. Cazuza já catnava essa vida oposta que se escancara aos meus olhos. São pelos olhos que os outros sentidos tornam-se deficientes, esconde-se a delícia. Pior que adormecer os sentidos, é ter a visão perfeita e fingir que não se vê.

segunda-feira, 2 de março de 2009

O dia verde.


Daqueles dias verdes da cor do gel da pia do seu banheiro. Daqueles dias em que tudo faz sentido e que todas as cores chegam fortes e belas à seus olhos. Daqueles dias sem motivo, que só precisam existir para que se abra um sorriso. É nesse dia que se tem vontade de sair de roupa amarela num gramado verde e bem grande, coberto por um teto de céu azul intenso e limpo e sem nuvens ... iluminado pela luz de um sol invisível, ouvindo folk rock.

No dia verde tem-se vontade de sair por aí comendo algodão doce e soltando pipas de cores lumimosas. Hoje a vida faz sentido e o ar tem cheiro de infância. Aquele dia que de tão bom por não ser nada ou tudo, camufla-se atrás de um medo inocente e perturbador de ter o dia e o tempo na mão chocando-se com a possibilidade de não fazer as escolhas certas para colher essa oportunidade de simplesmente estar vivo e deixar escorrer pelos dedos o rio de amor que te inunda, frustando o presente que se tem: o dia de hoje.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009




Ora, companheiro! Não é tão difícil assim o saber do como pontuar cada ponto em seu devido berço. Não sabendo nem minhas digitais de cór, não seria agora que apoiaria meu olho manco numa muleta de vida alheia. Vou escorar numa dessas paradas da minha vivência pra lhe ensinar um pouco de gramática.


Era uma vez essa história que começa onde toda história começa, não explicando o que se entende e não entendendo nada mais uma vez, esbarrando numa dessas peripécias de intertextualidade armadas pelo tal de destino e seus derivados. A história tinha querer próprio e por isso não desejaria ser crua e nem comum, e olha lá que ela conseguiu ser o máximo de turbulenta e única possível! Resolveu então escrever-se equilibrando perigosamente sobre um muro longo, porém finito. Um travessão Renascentista andava despercebido quando encontrou outro travessão de texto de prosa tropicalista. foi aí que o texto tornou-se um só, cheio de palavras de liberdade e poesia. Contudo, é prache, é óbvio que todo movimento vanguardista é perseguido pelo classicismo das formas, que aliás, mesmo fugindo, os travessões já estavam impregnados dessas moralidades e compromissos. Seguiram-se versos de luta e quetionamento sobre qual forma seguir. O texto pendeu-se de forma triangular, e tudo que é triãngulo deixa um lado desolado, espeta e dói. Dentre os novos períodos, frases e orações que surgiam ouviu-se berros e exaltações de exclamações, dúvidas e mentiras de interrogações, restrições de pontos-e-vírgulas ... vírgulas de desespero e retomada de fôlego, e o texto enfim fragmentou-se em reticências mal-explicadas e secretas até os dias de hoje. Reticências implicam continuidade e o destino sentiu-se desafiado novamente, sendo forçado a armar novo intertexto inimaginável. Num tropeço os dois travessões mal-resolvidos ficaram frente-a-frente de novamente. Invocou-se os dois-pontos, que era pra que os doisse explicassem diante dos fatos. Resolveu-se nada, mas foi falado o perdão, recordado a poesia, relatado dos textos vivenciados nos parágrafos de separação. Um travessão ampliou-se diante da vida, o outro partiu-se em cacos e vice-versa. Avistaram que a caminhada no muro estava findando-se, pois o muro mesmo estava prestes a findar e era preciso decidir pra qual lado saltar, com qual pontuação finalizar aquela história. Num parágrafo forçado de distância o ponto e vírgula fez seu papel de guarda para que os travessões refletissem bem sobre o tal do fim. O ponto tratou de impedir textos antigos de chegar perto do texto reencontrado, e a vírgula cuidou de lembrar os travessões que uma decisão era indispensável e iminente. No início do novo período perceberam que não haviam tantas interrogações que satisfizessem inúmeros questionamentos, e não haviam aspas que lhe desse coragem ou resposta. Um travessão saltou para um lado quebrando uma perna de poesia. o outro travessão saltou para o lado oposto, amputando um braço de emoção. o tema e o lema dessa história sempre fora a paixão, portanto não caberia aqui uma brecha de reticências de amizade. Essa história termina onde toda história termina ou é arrancada pela vida ... termina onde você passa a entender menos ainda das vidas e das coisas, e berra de angústia e se sente velho demais para um novo texto ... que durma então o velho manco nos braços simples de uma promessa pontuada por um ponto final.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

"Perdendo os dentes."


Já viu puta beijar a boca do cliente ternamente ou vender filme pornô de beijo na boa? Não. A verdade sobre o beijo é que é muito mais íntimo que o sexo. No beijo você sente o outro por completo, a respiração, os poros se encaixando, a temperatura, a personalidade, o sentimento.É em um beijo que os amantes de um romance chegam ao ápice de seu amor. No sexo você só precisa de tesão , é você obtendo prazer por você mesmo.

Você vai à grife para comprar roupa, vai ao restaurante para comprar comida, vai ao bar para comprar bebida ... vai ao Orkut para comprar expiação da vida alheia e fofoca e tudo é movido pelo comércio afinal somos capitalistas. Compre, compre, compre, até se sentir completo. Completo de quê? E essa insatisfação incoerente de não se sabe o que te move para frente com a propaganda e a promessa de que “quando comprar o carro do não será feliz e satisfeito”, mas daí nasce outro ano e outro carro do ano e você se move para comprar infinitos carros do ano e percebe que está vazio e que a felicidade prometida é uma farsa. Brindamos então a indústria inesgotável do materialismo! O que me entristece é ter consciência dessa merda toda e mesmo assim estar impregnada desse ar repugnante. O grande escândalo em questão não é a ditadura do compre produtos mais e mais, afinal os produtos existem justamente para serem comprados mais e mais, é relação de causa e conseqüência, justíssima aliás. O escândalo é em que coisa fútil e material o consumismo transformou nossas emoções. Sendo emoção indiscutivelmente subjetiva, não deveria haver comércio objetivo sobre essa coisa conotativa das emoções. Emoção é feita para ser sentida, expressada, demonstrada. Contudo, no mundo capitalista ganha mais quem produz mais numa maior efemeridade de tempo, sentir exige tempo, não dá lucro e é sinônimo de fracasso. Mas o que vejo e faço é ir a todos os lugares não mais para dançar ou pelos produtos. Vamos para comprar beijo na boa, e o preço pode ser destruir a você mesmo e acabar punindo-se eternamente por sua própria consciência ou dos outros, ou ficar vazio simplesmente por fazer a outra parte envolvida sofrer, e se apaixonar e pagar na mesma moeda. Atrás da capa bonita e perfumada que passeia por aí existem olhos tentando simplesmente fugir de ser eles mesmos, fugir do sentir, e ser aceito pela sociedade, seguir o ritmo desenfreado do consumismo das emoções. O beijo tornou-se o alimento da vaidade , do ego. Quem mais é desejado mais é vangloriado, por si só e pelos outros. Auto-estima e status são diretamente proporcionais à quantidade de beijos sem sentido e sentimento que se ganha. Nunca fomos vítimas do materialismo pois optamos por ele, afundamos nele com nossas próprias mãos . Beijo era pra ser demonstração de afeto ou consumação dele, e não consumo. O beijo na testa seria respeito; na bochecha, cumplicidade; nos olhos, confiança; na ponta do nariz ... inocência; no queixo, intimidade; nas mãos, servidão e lealdade; nos pés, humildade e na boca, paixão. Ao dizer que beijos não são contratos Shakespeare não disse “beijo não significa nada” ... ele disse apensa que o amor, o sentimento por trás de um beijo não precisaria ser rotulado, nem cobrado, para ter significado, para existir e se consumar. Tudo isso foi substituído pelas mil bocas das noites de micareta ou pela barraquinha do beijo das festas juninas. Sei bem o que é um beijo. O beijo é um laço de sentimentos, desejos, e conhecimento em relação ao outro. Mas mesmo assim ajo em total desacordo com o que penso, sinto e sei. Essa é a lei do século: que reine a hipocrisia! Não conheço simplesmente por ter lido em livros ou assistido em filmes, sei do significado de um beijo porque já amei, e de fato não soube amar, não soube conciliar o meu saber com a pregação do mundo. Sou completamente apaixonada por beijo na boa, mas de um tempo para cá tenho buscado ou vivido beijos apenas pelo roçar na boca, por uma noite, só pelo físico, puramente por vaidade e falsa concepção de liberdade. Percebo que todos os beijos, no final da noite, foram só bocas que me aproximaram da solidão, que não me deram um mínimo de prazer, que eu nem estava lá de fato. É disso que eu tenho vergonha e nojo de mim mesma e de meus companheiros. O beijo bom que eu tanto buscava eu não encontraria na técnica dos beijoqueiros de plantão por aí, ele estava o tempo todo na boca do meu amor. Não adiantaria criar mil possibilidades de romances sendo que eu não estaria sentindo aquilo de fato, nem dormindo e nem acordada, em coma. É preciso ás vezes notar o valor das coisas pela sua ausência. Não suporto mais minha face canalha. Eu que tanto busquei ser diferente acabei caindo no lugar comum. Que eu sinta falta do beijo, do amor por trás do beijo, do seu beijo, e sinta na sua ausência seu verdadeiro valor. Mando meu vício para quarentena, em busca da cura, pelo menos de mim mesma
.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



É nova madrugada, encantadamente rara e sublime. O sono mais uma vez me abandonou e sei que amanhã odiarei esse tal de atrevimento que avida me lasca , sei de tuas ilusões e armadilhas ... mas é que hoje eu sei amar. Consciente ou alucinada ... de ter vivido inúmeras cenas de graça e desgraça. Engraçado que em muitos eu não estive, e em outros tantos tenho a impressão de que passaram em branco. Algo me protegeu para que hoje eu pudesse amar toda essa orgia de lembranças. hoje tenho a certeza de que já vivi intensamente, e só por hoje não me arrependerei dos meus erros, pois até o que borrei na pintura me faz amante. Hoje .... bem ... continuo não entendendo algo ou tudo, mas só por hoje não "estou" desejo, nem sonho, nem reflexão, nem senso ... "estou" recordação, e só, sem pensar, em delírio. Já estava com saudade dessa saudade que faz cócegas, que faz bem. Amo o amor. Aplaudo a menina cega que fez da vida e das muitas que virão ou se cruzaram o máximo ou o mínimo, mas o fato, a saudade ... com suas próprias pernas. Lembra-se daquele dia que você ou você ou até mesmo você me anunciou num consolo-cliché meio que desacreditado ... " Um dia vamos rir de tudo isso"? Meu caro, minha cara, messa suas palavras pois eis o dia aí, batendo no teu nariz. hoje não teve febre, teve delícia de angústia ou de alegria. tudo é gozo, tudo é carnaval. Perdoe-me pelas vezes que amaldiçoei essa saudade com gosto de algodão doce, pois hoje faço é agradecer pela capacidade de sentir essa saudade que tem forma só de sentimento, hoje minha razão tirou folga. Hoje, nêga, seu céu é negro com lilás e o meu é sem lua e silencioso... não vê que é aí que mora a beleza? Se esse teu 'tchau" vier nunca vai me convencer,porque até ele será belo e a beleza é eterna e é ele que vai me encantar dia após dia, como nesse dia perfeito. Ouço. Cheiro. Canto. Vejo de olhos bem arregalados. tudo que dormia sentou ao meu lado nessa noite de insonia, e que muitas asim venham me visitar.






Sobre a teia ... me rendo. Não estamos sós, porque nessa noite eu sou minha .... Presente!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

A última vez


Dessa vez era um desejo triste. O som que se ouvia era baixo e as notas musicais pareciam acorrentadas ao passado de beleza, trazendo em cada batida a dor de mais um final. Não era apenas um final, era o final daquela vida dividida, daquela dependência de alma e daquele encaixe perfeito entre dois corpos. O beijo remetia à primeira vez, mas com a melancolia quente, calma e molhada da despedida. O cheiro no ar não era mais dos perfumes que batizaram aquela união, era um cheiro de álcool suado e sujo das grades de erros, traições, invejas e metiras que acompanharam fielmente o amor que finda desde os tempos de nenêm. aqueles dois corpos fizeram amor como se fosse o fim do mundo, com prazer e nojo circulando nas veias. O sangue que banhava as mãos e as roupas não deixava esquecer que ali jazia um ponto final de felicidade, e sua herança seria a dor de um coração que sangra e morre nesse último erro. Se amaram sabendo que não era direito, que os olhos estavam inchados, que o sangue tinha odor de raiva e culpa. O amor por certo não compreendeu o fim de tanto querer e de tanta paz, mas as lágrimas sabiam que todo fim é triste. Certamente aquele fora o final mais tristonho que uma lágrima noticiou cuspindo suas verdades perfeitas. Difilmente existirá da mesma forma no mundo daqueles dois corpos beijos e poros e mãos que se completem no todo. o fato é que todo erro deve ser punido e o sangue jamais sairá das unhas. A voz calou-se em um ' Quem, além de você?' ... E nas mãos de deus repousou o espírito.

domingo, 15 de fevereiro de 2009








Era uma vez o coraçãozinho do chão de algodão doce queimado ignorante numa tal de felicidade. Era uma vez, nessa terra de doçura, a coisa que se chamava certo e a outra coisa que se chamava errado. Certo e errado eram peregrinos absolutos e sem raiz que viviam guerreando pelo controle do coraçãozinho. O império foi duradouro, mas o coraçãozinho esperava seu Messias. era uma vez um tal de amor, que era a terceira coisa escondida. O amor chegou ao coração crescido e queimado ... e foi quando o certo e o errado passaram como se nunca tivessem existido. Coraçãozinho virou acrobata.

























(Para Aline)


Oi, meu nome é Talita ... sou alcóolatra.



O bêbado andava trocando os passos

Em trapos que não eram de respeito

Pelas árvores distribuía seus abraços

Dançando no meio do tempo

Como quem conheceu o país das maravilhas

No seu passo de tropeço de ALice

Embriagado de sonhos

Gostava mesmo de andar tropeçando

Mas para ele trpeçava quem andava reto

O bêbado sabia da vida incerta

e sabia que, de andar trocando os passos

Chegaria a um ponto que não seria compreendido

Pelos que não corriam atrás de borboletas falantes

E sabia que seu destino torto

Teria por fim não a morte

Mas a solidão .

(de Amélie pra Alice)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

No colo das lágrimas....


Fotografia(Leoni/Leo Jaime)


Hoje o mar faz onda feito criançaNo balanço calmo a gente descansaNessas horas dorme longe a lembrançaDe ser felizQuando a tarde toma a gente nos braçosSopra um vento que dissolve o cansaçoÉ o avesso do esforço que eu façoPra ser feliz O que vai ficar na fotografiaSão os laços invisíveis que haviaAs cores, figuras, motivosO sol passando sobre os amigosHistórias, bebidas, sorrisosE afeto em frente ao mar.Quando as sombras vão ficando compridasEnchendo a casa de silêncio e preguiçaNessas horas é que Deus deixa pistasPra eu ser felizE quando o dia não passar de um retratoColorindo de saudade o meu quartoSó aí vou ter certeza de fatoQue eu fui felizO que vai ficar na fotografiaSão os laços invisíveis que haviaAs cores, figuras, motivosO sol passando sobre os amigosHistórias, bebidas, sorrisosE afeto em frente ao mar.

sábado, 7 de fevereiro de 2009


Senhoras e senhores,


Se conheces esse tudo que engloba e ata nos braços desde o portão multicolor da sua casa a alguma espécie de sentimento, descobri algo muito importante e vago, sobre ele. Tudo nesse tudo e ao todo, é o que parece, e "parecer" é algo totalmente subjetivo. A crença e o objeto acreditado dependem da cor que desperta por detrás do seu daltonismo, da minha catarata, daquela planta bipolar ... pois até a verdade é inexistente. A verdade é uma mentira que se torna verídica em absoluto devido ao ego de quem a conta. Até a verdade tem dois ou mais lados, e só deve-se escolher para qual lado duelar. Até a mentira que se escolhe servir tem suas falhas, e quando nota-se tais falhas e tal inexatidão de coisas que se crê, se vê, se sente, se bebe ... é preciso tapar os olhos com uma venda que te proteja do perigo de ser você mesmo, da loucura e do desespero. Desespero de saber que até o tudo é relativo e sobrepostamente generalizado, e tens nas mãos a chave dessa vida inventada e volúvel que não se pode escapar pois a algema que te imobiliza é o próprio tempo. Não podes fazer absolutamente nada que te faça ter um pingo de certeza cega de alguma minúcia desse tudo. A resposta de todas as perguntas sem respostas, que nos atingem mais frequentemente de acordo com o avançar da idade, é a própria não-resposta, a incerteza, a faca de dois gumes que corta pelo saber que até a cor que se enxerga pode ser reinterpretada, reinventada e servir a outros senhores ... o pior de tudo é que não se mode modificar nenhum detalhe. A verdade é a lei da vida, e é nos detalhes que essa coisa frágil se apoia. Falemos dessa verdade que se busca desde sempre e incansavelmente que no fim de alguma parte desse trajeto cria-se a consciência de que ela é apenas mais um fantasma. Fantasma-maestro que rege a moral, a religião, a vaidade .. e que te assombra e te engessa.



Divirtam-se.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Dei com a cara no espelho e pá-pum!


Quero sempre essas bochechas grandes e rosadas e pintadas de sardas...
Quero-a grande que se destaque de meu corpo e me faça lembrar das gostosuras da vida!Cenário de um beijo molhado, de um apertão irritante, de um chocolate perfumado...
Tão grande que lembre minha infância e meu rosto redondo de antes da puberdade e de cair no chão da vida que se fez pó... e tão grande que revele mais embaixo minhas saboneteiras! Ahhh saboneteiras que vinícuis já cantou e que fazem de mim, mulher ...
Que se pintem de rosa para eu não me esquecer das cores vivas e avançar por cima do cinza... que é pra acabar com toda a tristeza e lembrar dos detalhes dessa perfeição do mistério... Que sejam coradas para eu lembrar meu suor vermelho da sensação de liberdade em correr para qualquer lugar... e por fim estejam carimbadas pelo sol de samba quente que lembra que apesar de tudo o outro dia amanheceu, e nesse dia eu escolhi sorrir ... como um certo alguém me ensinou certa vez que é preciso passar a essência a diante....
E que imprimam, como ponto final, sardas redondas que é pra eu me lembrar de meus erros e dores e não esquecer das marcas que fizeram de mim uma parte de tristeza que é pra eu entender que a vida acontece além do mundo dos sonhos, e assim poder dar mais valor aos raros mas intensos momentos de alegria.
Bochechas
minhas
eu.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Toda pintada de piadas ...







Hoje eu bati o vão que separa um pedaço pequenino do osso do meu cotovelo direito de sua outra metade pequenina e pontuda, que tem formato semelhante a uma gota achatada e maciça contra a fechadura de argola minúscula da dispensa daqui de casa e rolei no chão de dor que se misturou ao choque e deixou tudo dormente e imóvel, ruindo meu braço meio desengonçado por alguns minutos ...

E de repente me vi no quarto com a cabeça batendo na parede e as lágrimas rolando novamente por sua ausência. O que me dói é não poder tocar a pintinha no rosto do meu mais novo membro dormente, amputado, em coma.
Mas vem você de não sei onde, me deixando tonta com sua fala inquieta e exalando seu perfume de morango com gosto de pêra de areia doce e me convida para mais um passeio gelado de botas apertadas e os melhores abraços ...

Tempo, tempo, tempo, mano velho ...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ashes (Cinzas) - Munch


Nunca vi nada que falasse sobre o depois do "felizes para sempre". Todo filme, toda novela, todo romance acaba assim, e arrastamos a vida à procura dessa ... não diria ilusão pois é completamente alcançável, diria fase. Sim, senhoras e senhores, aquele amor impossível, que luta, que cresce, que sobrevive e que cai nos seus braços em um dia tão sonhado é apenas uma fase da vida. Eu gostaria realmente que o "felizes para sempre" fosse o ponto final da vida, mas isso só acontece na ficção, a vida não acaba aí... pelo contrário, começa-se um novo ciclo e sua estabilidade me assusta. Acho que já atingi esse ponto magno da inocência, do sonho e da paixão ... e agora me respondam poetas, cineastas, diretores : o que fazer agora? É cômico essa desilusão. Busco a chave, o ponto que deixa o pós-final-feliz tão oposto ao início do que se chama amor. Diga-me onde se esconderam as palavras depois de tanto tempo de casamento daquele casal tão divertido e apaixonado? Depois que se tem o causador dos seus devaneios noturnos nos braços, sem mistério e completamente seu ... onde foram esses devaneios e essa insanidade que deixava tudo com gosto de novidade, de proibido, de conto-de-fadas. Digo pra quem defende que contos-de-fadas não existem que eles existem sim, o que não existe é aquela cena eterna de dois seres totalmente deles mesmos deitados lado a lado se amando intensamente ... tudo bem que eles podem ficar na cama durante dias, até uma semana quem sabe... mas o que os livros não contam é que o ser humano tem fome, tem sede, tem de ir ao banheiro, escovar os dentes e ir trabalhar. O que os filmes não contam é que o amado tem defeitos e manias, que podem claramente ser objeto de atração mas que no fim da convivência torna-se o estopim de uma discussão, duas discussões, um tempo longe, um beijo evitado, aumento da carga horária no trabalho, sumiço total das palavras... triste fim de relacionamentos. O curioso é que existem relacionamentos que mesmo tendo a sensação de que ambos são completamente estranhos um ao outro ou raivosos na relação, eles evitem que ela se finda ... continuam juntos, porém escandalozamente distantes, daí vem-se justificativas de servir a uma tal de sociedade de aparências que eu não entendo a lógica pois implica fingir, atuar e isso custa caro. Paga-se atuação com infelicidade, e sinceramente nunca quis isso para mim. Mas, existe outra coisa que tenho observado para tal postura além dessa hipocresia social: dependência. depender de alguém para sorrir é bom... para confidenciar algo é belo ... para ouvir a serenata que você preparou com tanto carinho, para dividir a cama ... tudo bem. Dependência construtiva! Mas a rotina que esfria os relacionamentos traz outro tipo de dependência, a dependência que te impede de ser você mesmo, que compra sua liberdade pois quando se apaixona devemos ceder, passamos a ser um do outro tão completamente que perdemos o prazer de faezr o que fazia de nós "eu" e, apesar de não nascer pregados nos amados assim o fazemos e sem eles perdemos o chão, e mesmo estando infelizes , as vezes não buscamos o término ou uma nova oportunidade de ser feliz por estarmos reféns do envolvimento e não sabermos em que chão pisamos sozinhos. você esquece de sonhar sozinho, mete os pés pelas mãos, assume responsabilidades que não te permite mais escapatória. Passam-se anos, passa-se a vida e morre-se triste. Sinceramente relacionamento devia ser paixão, e conversas e risos e durar enquanto essa adrenalina durasse, mas não, persistimos prolongar e tudo acaba insuportávelmente irritante, até deixarmos de acreditar no amor. Se encarássemos os fatos sem tanta cobrança de eternidades, se ficar com alguém por promessas deixasse de ser obrigação, infildelidade não existiria, pois infidelidade para mim é atração, mas empurrado pela falta de asistência. Mais belo ainda seria acabarmos todos amigos, pois dividir a cama com alguém é ser muito íntimo daquela pessoa para acabar apenas porque a paixão se foi. Visto que amor é paixão e amizade de mãos atadas, é óbvio que diante de tantas estradas uma hora as duas mãos irão se desatar e seguir rumos opostos, e aí devemos seguir junto com a amizade porque de guerra o mundo já está saturado. Mas isso seria sabedoria demais para esse mundo cão! Seria evolução demais... só sei que não seguirei esse curso e correrei léguas se preciso for para viver eternamente apaixonada. Chamem do que quiser, eu chamo de "carpe diem". Mil paixões, mil universos, uma vida bem vivida. Que me rotulem como Confusão!, já não me importo mais, pois agora sei o que quero e amo o que sei, "ondes queres um lar, revolução". Cá me lembro Vinícius de Moraes e seus nove casamentos e seus incontáveis amores intensos, que o deixaram morrer feliz e com a sensação de ter o mundo nas mãos...

sábado, 24 de janeiro de 2009

... a juventude é uma banda numa propaganda de refrigerantes ...


Queijo com goiabada, café com leite, arroz com feijão, Romeu com Julieta ... a química inegável entre dois elementos se mostra na forma desses clichés e não pode ser negada, visto que as partes envolvidas encaixam-se perfeitamente entre si, sem sobreposições, preenchem-se com liberdade absoluta de serem feitos para essa reciprocidade que desconheço a raiz. Essa raiz recíproca com certeza não existe entre Ernesto "Che" Guevara e Talita Confusão. Desde que me apaixonei por história e entendi seu real valor, vago pelo mundo enfiando a cabeça em debates, e livros, e teorias sensacionalistas que defendem a qualquer custo a face de herói de Che, até hoje não encontrei justificativa palpável que me enfie na cabeça que estou errada a não aderir ao 'Guevarismo'. Acho mesmo que a única justificativa para o rosto desse homem estar em tantas camisetas, tatuagens, pôsteres ... é um coquetel da falta de heróis ( divulgados ) latino-amerianos, com uma pitada de ignorância nativa e o catolicismo com seus ídolos. Eu aceitaria Che como herói se este fosse visto (aqui) com o conceito europeu do que é ser herói. Na Europa, a palavra herói define um homem ( com defeitos e qualidades à mostra), ou uma ideologia por trás de homens, ou ações que essa ideologia promoveu. Estar diante de um herói, na europa, é estar diante de alguém que se admira, com seus defeitos e qualidades, conhecendo e perpetuando a idéia que não morre com o homem, e não usar disso para fazer dele um comércio. Outro fato interessante é que lá há democracia de heróis, ou seja, temos(por exemplo) Joana D'ark, Alexandre, Napoleão, Hitler ... uma variedade democrática de rostos, idéias e métodos diferentes em que se é livre para escolher quem admirar. E o que explica essa variedade de heróis? tirando a parte européia que colonizou o Brasil, os demais países negaram o ócio monárquico e passaram a trabalhar com seus próprios braços, sem condições territoriais favoráveis foram obrigados a pensar e lutar para que seu canto sobrevivesse, sem sensacionalismos, e a partir de sua criatividade inventaram o homem que pensa e disseram não ao homem gordo dos banquetes lusitanos infindáveis, e hoje por lá, como herança do NEG-ÓCIO, o protesto, o grito e a revolução passa aser rotina, direito e dever. Já na América Latina a concepção de herói ultrapassa os limites da admiração e passa a entrar no campo religioso, atinge o status de santo, endeusado com perfeição absoluta, mesmo que a maioria que estampe o rosto de Che na camiseta não saiba nem o que ele defendia ou o que ele fez, mas a face já é moda, é atrativo, é comércio, é lucro, é popular, é bonito fingir ser politizado. Che seria um messias para os latinos e por isso, sobre-humanamente não contestável, sem defeitos, sem erros ... e lá se vai a cegueira geral ... Aqui não há grande variedade de heróis divulgados cujas razões não vem ao caso mas se resumem em a pseudo-liberdade das ex-colônias. Che é o ópio que nos permite fantasiar que somos seres ativos nas decisões do mundo e que existe vestígio patriótico em nosso meio. Não conheci Che, óbvio, não sei como era sua pessoa, deixo claro aqui que desconheço essa realidade e que o que eu odeio é o Che-mito que é apenas um rosto estampado numa camiseta. Che foi um homem que não acreditava em revolução sem violência, tinha asma, era médico, trabalhou num leprosário no Peru, foi aventureiro, defendia a tortura e a ditadura, defendia a guerra biológica,trabalhava muito estudava muito, etc ... Eu amaria Che se, apesar de sua morte, seus ideias ainda estivessem vivos , se meus conterrâneos não fossem tão ufanistas (cegos) e não tivessem preguiça a ponto de passar dias inteiros em frente a uma televisão, com a bunda pregada em um sofá quando há corrupção e miséria em seu país.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Em minha madrugada cinzenta, fria, escura, insone e dolorida, percebo que o dia já clariou e meus olhos continuam negros perdendo-se em si mesmos, nesse vazio sufocante de minha mente livre e desvairada. De repente percebo um conjunto de ruídos que vencem a música triste que estava ouvindo, fiquei desconcertada com tal atrevimento e já estava nervosa, então aproveitei a deixa e já estava preparada para xingar o vizinho, a faxineira, o lixeiro, quem é que fosse o atrevido que arrombara a porta da minha dor distraída. Abri a porta do quarto abruptamente com cara de amigo algum e saí para o quintal, olhei para o alto e comecei a distinguir o som. O som meus caros, era de pequenas maritaquinhas cheias de vida, que podem voar e têm fome. Eu, mau-humorada fui atingida por aqueles pios estridentes de amor que me falavam " Acorda mulher!"... e me lembrei que a vida continua! Maritaquinhas atrevidas, verdinhas e cheia de juventude... é essa vida oposta e sobreposta as suas oposições que me prende a ela mesma, é isso que eu amo ver e respirar. Essa simplicidade atrevida me roubou a cara amarrada e consegui domir em paz... maritaquinhas irritantes, atrevidas e pequenas que não sabem nada da vida e se acham no direito de roubar minha melancolia e estampar um sorriso no meu rosto cansado. Elas sabem nada da vida, e eu? Menos ainda.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

If the flyer was blind...


"Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Asas!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar..."
Queria ser veterinária, e criança...Desde quando eu tinha cabelos curtos e chanéis e usava sapatos de boneca e uniforme azul e rosa, me lembro de amar redação, mas eu queria ser mesmo era veterinária. Me empurraram num lugar e vi meus ossos crescendo, minhas roupas pequenas e meus prazeres mudarem... Passei a respirar letras, não sei por qual chave, e me apaixonei por um tal de jornalismo que passou por mim meio tímido e depois me enlouqueceu: virou meu sonho, minha angústia, minha delícia e meu futuro. Passei a ter insônias nas quais delirava de prazer, pois era acompanhada por Clarice, Rubem, Sheakespeare, Rousseau, Arnaldo, Marcelo... e não havia companhia melhor.Eu conheci minha sátira, meu choro, meu riso nos meus textos e nas minhas leituras. Cada palavra que saía dos meus dedos me aproximavam mais do ponto em que eu seria minha. Me divertia escrevendo, a ponto d enem notar o passar carrasco das horas. eu queria estar de férias logo para poder escrever atoa durante todo os dias. Daí comecei a sonhar, minha ambição cresceu e dediquei meu mundo às páginas em branco que me encontravam. Adoro o silêncio, mas o poder das palavras me domina. O que eu escrevia passou a ser banal aos meus olhos, eu queria mais... eu e minha obcessão corrosiva de querer mudar o mundo... vi que palavras chegam a convencer e vencer toda forma de ação, e que essa seria a forma que eu tanto busco de tocar, chocar e sacudir esse desastre cego sem humanidade no planeta contrário e repugnante que me chama para fazer revolução.


Um ano se passou e eu que sempre odiei essa idéia de vestibular passei a não suportá-la mais, é a forma de hipocresia mais nojenta que vence até a hipocresia de ser humano. É estúpido medr conhecimento por notas, excludência e uma carga de conteúdo inútel e escravizante. Meus amigos vomitavam horas com a bunda pregada na carteira, detalhes de cada página, e eu? matei aulas e fui ler nas entrelinhas dos olhos das pessoas e subestimei o universo em que eu era obrigada a faezr parte. Não me arrependo nenhum pouco desse meu ódio vital, nem de minhas prioridades, que isso fique claro. Mas dei com a cara na porta, porque infelizmente o sucesso do meu maior sonho dependia dessa indústria vetibulosa... e agora me vem uma memória de uma fala da Marina, que me faz rir... por ser tão certa. :" Para você mudar o que está errado você vai ter que participar desse meio sujo, pular fora não vai mudar nada." Infelizmente ela está certa e eu odeio que ela esteja certa, porque conviver num mundo que me dá náuseas para simplesmente mudá-lo é muito pouco intenso e sincero para mim... então gostaria de ignorar isso, mas não posso mais.

Andava meio morna e mesmo assim coloquei o restinho de coisa boa que restava em mim e que o mundo não conseguiu assustar na universidade. Por sinal, não fui aprovada, não ingressei. e agora? Vejo um vazio escuro cheio de mil possibilidades, mas estou patinando sem mover-me. Estou com medo, confesso... medo de que minha fraqueza seja maior que meu fracasso, de que eu me esforce e gaste quanto tempo for preciso me preparando para chegar ao meu sonho e quando alcançá-lo ver que aquilo não era nada que eu queria... tenho medo de que meu maior prazer se torne rotina depois que se transformar em obrigação...que minha criatividade me abandone de vez, que ser escritora me faça perder completamente o fio que me separa da insanidade. Depois de tantas lágrimas, pensamentos pessimistas e noites insones, a única certeza que tenho é que não quero estar aonde estou, que quero um mundo que não é goiás e nem esses rostos clichés que vejo em cada esquina. Continuo não sabendo o que esperar, crer ou fazer com meu pouco tempo restante de vida... mas quero estar escrevendo sobre outros medos, evoluídos e vencidos. A vida me encanta e me assusta. talvez quando minhas crases, travessões e tils pararem de vagar por aí e se aconchegarem em outras linhas, de um outro texto, de um outro lugar eu possa odiar menos meu amanhã incerto e o fato de eu estar crescendo desesperadamente rápido demais para o meu desejo. E cá pra nós, VIDA! Se a corda estiver muito bamba, ou o cenário escuro demais e apesar do meu pesar de saber que por vezes estarei para ti como palhaça ou estrela, me agarrarei nas mãos que dividem o picadeiro comigo ou mudarei de magia quantas vezes for preciso para um dia, no dia mais importante, poder olhar para você, VIDA-MORTA, e dizer que te declaro derrotada por minhas próprias mãos, que escrevem, que comem, que amam... que, mais uma vez, levantam.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009







"Nietzsche disse: Deus está morto.


Deus disse: Nietzsche está morto.


Deus morreu, Nietzsche morreu, o socialismo morreu, e eu não vou muito bem..."


(... de um muro, Goiânia-GO)

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Sobre tornados...


Suponhamos que eu tivesse apenas poucas horas ou dias de vida, e exista uma lista como aquelas de coisas que queremos fazer antes de morrer. Meu maior desejo certamente seria observar de perto um tornado, que aliás sempre me atraiu e me fascinou. Não! As produções de Hollywood não foram suficientes para me convencer de que tornado deveria me causar medo, em mim elas causaram o reverso. Aquela massa cinzenta-azulada na minha tela conquistou meu espaço sonhador. Eu sei nada sobre ventos e meteorologia, minha ligação com o tornado é puramente física e metafórica. Vento e vida são gêmeos siameses.A vida é totalmente frágil, pode se desfazer em questão de segundos... em qualquer esquina... O vento também é frágil, e se tranforma fatalmente em qualquer sopro inesperado. as vidas brincam entre si, interceptam-se, sobrepoem-se ... e assim os ventos movem-se, chocam-se, se confundem na bola azul e gélida da Terra. A vida tem prazo de validade, os ventos têm vida útil. A vida, apesar da fragilidade de seus choros e risos, é forte inexplicavelmente. Quando não há mais vida, há a ausência da vida. A invisibilidade dessa vida permanece no ar. A vida morta e invisível é a única forma de vencer a barreira do tempo e do esquecimento, pois não precisa ser vista, e nem vai embora, é apenas sentida. Não importa o tamanho da vida ou o impacto que ela causou, não existe um padrão incontestável da concepção de certo. Todas as verdades são relativas. Os ventos, assim também, são notados pela sua invisibilidade. Não interessa realmente se o vento durou como brisa ou furacão, o fato é que seu movimento trilhado influenciou os climas onde tocou. Vidas e ventos são almas idênticas. Mas voltemos ao tornado, que seria uma fase do vento. Comparando vento à vida, o furacão seria a "enérgica" adolescência. Tornado é caos, anarquia. Começa lento e se intensifica em torno de seu próprio eixo, em torno de sua própria introspecção. Em pequeno espaço de tempo o tornado se torna forte e passa a se alimentar só de sua própria confusão, seu próprio e eterno conflito espiral. O mundo além dos limites espirais do tornado, por mais que o tornado se agrave, continua sendo "o mundo além dos limites do tornado". O mundo intacto e perfeitamente encaixado e simétrico que o destruidor tornado não vê com bons olhos. O tornado encara dois caminhos possíveis: ir de encontro a esse mundo de peças encaixadas e tantar modificá-las, de maneira que ele acredita que ficariam melhor ajustadas, que o mundo seria mais mundo... ou procurar incessantemente outro furacão mais forte que o faça parar de rodopiar em si mesmo. O tornado fica tonto, enfim.
O que há de mágico num furacão? sua força pode arrancar tudo que parecia sólido e intocável do chão.... concreto, veículos, moral, ideologia, vidas dentro d eoutras vidas... o tornado que conseguir organizar seu caos pode reconstruir seu eixo quantas vezes for necessário, até ajustar sua paz. Em instantes um tornado pode não saber mais o que é ou criar um novo eu. Furacão é entropia e a vida surgiu da entropia substancial. Entropia é promessa de vida nova. O caos destrói no objetivo de construir. Isso é a magia. A vida na prática é sempre paradoxo. No centro do furacão não há confusão, seu olho está intacto. A essência de uma brisa que vira tornado nunca é atingida pelo caos externo dos anéis espirais. Permanece constante, presente e invisivelmente mínima. O tristeza de um furacão não está no seu cinza azulado, mas sim no tempo que o vento perde se distraindo com seus objetos voadores e violentos e grandes ... a brisa se assemelha a uma pedrinha preta quase inotável dentro do peito do vento, e está sempre a cutucar a carne dolorida...
Tenho leve impressão que já vi um furacão de perto. minha morte não está programada ( estranho isso ) e eu continuo sonhando em observar um furacão. estar diante desse espetáculo significaria ter eu roubada de mim mesma pela natureza ( eu que nunca fui minha ) e assistir meu caos adolescente, ser platéia de minhas dúvidas. Talvez e remotamente eu me entenderia melhor. Crescer dói. Sou o furacão do meu mundinho. Não morro sem respirar aquela massa cinza-azulada e gigantesca, mas até lá quero ser brisa ...

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

"...e além da vida ainda de manhã no outro dia..."


Meus olhos vazios me acostumaram a não enxergar os detalhes. Nem sempre fui assim, mas é o que me tornei. Vejo cores vivas e indefinidas, mas não absorvo nada. No final do dia o que me resta é a vontade de vivê-las intensamente. Não sei o que sou. Meu bem, digo que sou sua mas no fundo nunca fui. O que é seu é minha fidelidade, minha lealdade, minha amizade inconfundível. Mas na verdade não sou nem minha mesmo. Sou uma mancha abstrata que perdeu a inocência e transferiu tudo que acreditava bruscamente para um conjunto de coisas que doem. Nem sei do que estou falando mais. Hoje quis fazer o texto que prometi para você. Continuo sendo um conjunto de cheiros que me levam para um lugar em que eu realmente existia de corpo e alma e não me preocupava em ser e saber o que sou. Eu só estava lá e isto bastava. Nessa minha lembrança de certeza me veio seu perfume... Eu gosto do Perfume que você usa, mas não é desse que estou falando. Estou falando do odor da sua alma que exalei no nosso primeiro beijo naquela tarde clara de um sábado de verão e desde então venho tentando me libertar desse êxtase, confesso. Tenho medo, muito medo. Porque ao seu lado eu criei sonhos, como com todos meus amores do passado... Mas ao seu lado está tudo se consumando, meu sonhos não ficam só no esboço e isso me assusta. Porque acho que não mereço tanta coisa boa e a felicidade ao seu lado é fato, é fácil, é concreta. Meu medo me fez paralisar às vezes sendo fria com você; me fez fugir querendo não te ver mais... E nessas idas e vindas eternas , quem diria: cá estamos juntas de novo, recomeçando feridas um novo ano. Quem diria que eu, inconstante, que costumava enjoar de beijos e rotinas, completei um ano ao seu lado. Um ano de namoro... Um ano de amor intenso e muito bem vivido! Juro que ainda não percebi quão grandioso e responsável é isso. Nem havia percebido que já havia tanto tempo que eu estava beijando a mesma boca e que cada beijo parecia o último ou o primeiro. Você me dá medo porque me conhece mais que eu mesma. Eu não enjoei de você. E eu não te perdôo por isso não! Porque se tinha algo sobre mim que eu achava que eu sabia era que eu não ficaria ao lado de uma pessoa mais que um mês. Mas veio você... Com seu sorriso de vírgula e fez meu tão sonhado filme virar realidade. E que venha mais um ano, porque eu te apresento a eternidade. Te apresento os mil passeios de mãos dadas que daremos, a parede da nossa casa que iremos pintar da nossa cor e mil serenatas a luz da lua. Tenho uma condição: tome um pouco dessa minha tristeza e toda força que tenho para você. Me complete, me ame e me abrace. Porque por mais voltas que darei nesse mundo é para seus braços que sempre vou voltar. E voltarei mil vezes se preciso for para te provar que nós nos pertencemos, que só você se encaixa no que me falta e que seus olhos de cigana não aprenderam a chorar em vão. O mundo é podre, amor. Mas já que somos obrigadas a ver o sol nascer todos os dias estando intactas me dá sua mão que a gente enfrenta esse mundo. Te amo, e te amarei para sempre. Um brinde ao nosso primeiro ano de vida!

domingo, 28 de dezembro de 2008

Dentro da fronha do Mickey.



Cena de alguns dias atrás: A porta do quarto se abre, bate no aparelho de som e começa a sintonizar uma rádio. Na rádio estava tocando nossa música. Numa coincidênia, ou mais uma vez num laço do destino eu me emocionei. Foi a chave de todo um futuro efêmero e incerto ... que talvez eu me arrependa depois.

...Inspiração dos meus sonhos não quero acordar Quero ficar só contigo não vou poder voar Por que parar pra refletir se meu reflexo é você Aprendendo uma só vida, compartilhando prazer Por que parece que na hora eu não vou agüentar Se eu sempre tive força e nunca parei de lutar Como no filme, no final tudo vai dar certo Quem foi que disse que pra tá junto precisa tá perto Pensa em mim Que eu tô pensando em você E me diz O que eu quero te dizer Vem pra cá, pra eu ver que juntos estamos E te falar Mais uma vez que te amo ...

É prache cometermos algum errinho diário e arrependermos imediatamente e amargamente. Errar é comum. Mas há dias que erramos mais que o esperado, que o normal, que o permitido. Este dia atípico chegou em mim. Era dia 27 de dezembro de 2008, e acordei ao lado do amor da minha vida. Era dia 27 de dezembro de 2008, e perdi meu melhor amigo, meu cuti-cuti, o melhor homem que conheci. Não arrependo de nenhuma decisão que tomei, mas cada detalhe, cada lembrança dói minuciosamente. Há um vazio que empurra minhas lágrimas, porque foi VOCÊ, foi com VOCÊ, meu amor incondicional que sempre segurou minha mão. Não compreendo. Era para eu estar feliz agora. Mas é VOCÊ, entende? Você que colocou sua carteira durante um ano e meio ao lado da minha, que me irritou durante as aulas, que escreveu os mais lindos bilhetes nos meus cadernos, que me emprestou uma blusa de frio quando eu tinha frio. Meu companheiro d efuga, meu poeta, meu sonhador, meu cavaleiro, meu porto-seguro, meu chão, minha luz, o elo com meu passado. Foi você que passou tardes deitado comigo na calçada e foi você que só queria estar ali ao meu lado, ouvindo música. Você quem fez um gol que dedicou a mim e me deu o CD mais lindo no Natal. Fomos nós que corremos a noite, que falamos de tudo, que deitamos na rede, que tomamos vinho em frente à fogueira. Você que torce para o mesmo time que eu, meu judeu, meu anjo. Queria lhe dizer que amo deitar no seu colo, amo seu abraço e a sensação de proteção que ele me traz, MEU GRANDÃO. Hoje cedo uma grande amiga conversou comigo na internet e ela estava de luto. Luto por uma amiga que havi falecido. E mesmo sem eu conhecer a garota falecida, senti algo muito forte. E comecei a te colocar no lugar daquela garota. Se você estivesse morto eu não suportaria. No meio do ano você mudou de escola, eu não te via sempre, chorei muito, mas você ainda estava dentro de mim. Eu não me sentia só. Agora é diferente. Eu não te sinto mais, me desespero ... Nossa amizade era minha concepção de eternidade inabalável. Sabe do que eu mais sinto falta? Por mais que eu estivesse em cacos, você sempre me chamava de VIDA ... e eu de repente ganhava forças, me sentia viva novamente e mais que isso, alguém especial para outro alguém. O que me machuca é que eu, como sua melhor amiga, deveria ser a responsável por enxugar as lágrimas que outras mulheres deixariam derramar em teus belos olhos. Mas foi eu mesma a escolhida pata te dar a primeira desilusão amorosa, para te deixar triste e choroso. Nada vai te substituir em mim. Meu melhor amigo, meu melhor presente, meu irmão ...

E eu que já andava triste, dei a morte de um NÃO a quem me chamava de vida. Nesse vai e vem vou morrendo aos poucos enquanto essa ausência se faz presente.

O tempo que passamos juntos vai ficar pra sempreIntimidades, brincadeiras, só a gente entendePra quem fala que namorar é perder tempo eu digo:Há muito tempo eu não crescia o que eu cresci contigoJuntos no balanço da rede, sob o céu estreladoSempre acontece, o tempo pára quando eu tô do seu ladoA noite chega eu fecho os olhos e é você que eu vejoComo eu queria estar contigo eu paro e faço um desejoPensa em mimQue eu tô pensando em vocêE me dizO que eu quero te dizerVem pra cá, pra eu ver que juntos estamosE te falarMais uma vez que te amo

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

O Natal foi cancelado?







Fui deitar no dia 23 com um singelo sentimento de solidão. Confesso (um pouco triste) que não senti nenhum pouco o clima natalino das vésperas que eu tanto amo, nem agi com o tal sentimento que nos faz melhor no fim do ano, mas essa noite... Doeu. Doeu como um furo de agulha grossa na ponta do dedão do pé. Senti como se eu tivesse acordado de uma soneca vespertina, daquelas que você dorme demais, perde o horário e fica com o corpo mole e indisposto pro resto do dia. EU abri meus olhos e pensando no Natal, imaginando como seria tudo ... chegou na parte que eu ia à sua casa, e como todo ano você me daria o presente mais carinhoso possível, cheio de bilhetinhos e balas e chocolates, e os vinte reais sagrados ... E sua casa teria cheiro de bebê novo como sempre (como vida), você contaria das suas dores, faria a gente rir, ouviria sobre a rotina corrida da minha casa e com os olhos puros e cheios de esperança você simplesmente olharia pro rosto da minha mãe e falaria “Oh fia não fica assim. Eu vou ganhar na sena e ficar bem rica e dar uma casa para todo mundo!” Depois me encorajaria a sonhar e a amar de novo. Quando a gente se preparasse para ir embora você traria os potes cheios de doce e eu encheria as mãos e os bolsos, só pra levar um pouquinho da sensação de infância e felicidade que a sua paz me despertava. Mas hoje é dia 23, bisa. Eu vou fazer a tatuagem que eu sempre sonhei e queria tanto que a senhora visse! Provavelmente acharia uma judiação fazer isso na minha pele de “porcelana”. Nona, nona. É dezembro de 2008, dá pra acreditar? Estou com dezessete anos e ainda guardo com carinho a minha foto, saindo da maternidade nos seus braços.E eu tenho tanta coisa pra lhe falar ... como vão as coisas nesses campos floridos de laranja e azul? O biso ainda veste aquela camisa branca larga e corre de mãos dadas com você nessa alegria toda? Vocês ainda estão jovens e apaixonados? Hoje a saudade me cortou, bisa. Nesse Natal não vou à sua casa à noite, nem vou comer torta de frango, nem vou beijar sua cabeça branquinha.Tudo se desfez como pó, e chegou meu cansaço de novo. Queria tanto que você estivesse aqui. Estou com uma sensação estranha esses dias, sinto seu pedaço arrancado de mim, sinto tudo como uma última vez, tudo novo e ao mesmo tempo morto. Ah! Bisa ! Aqui na Terra as coisas não andam muito bem, seus olhos têm sorte de não ver tanta falta de amor cada dia mais. Nossa família não vai muito bem também, anda bem desunida e isso deve estar de deixando triste.Me preocupo com a sua tristeza.Intercede por mim (bisa) para que eu possa encontrar uma chave anti-desabamento. Mas a Maria está um bebê lindo, bisa. Eu sei que algum dia ela ainda vai comer seu doce de abóbora!Saudade dos seus gritos de gol. Não, não adianta. Eu definitivamente odeio a morte, não aceito, não compreendo, repugno. Meu amor só aumenta cada dia mais, e a saudade que o acompanha cresce da mesma forma. Mas a tal da morte não me deixa aliviar essa dor que sufoca. Sei que você está olhando por nós, cuidando de todos como a mãe maravilhosa que sempre foi. Mas hoje eu precisava do seu colo, hoje não entrarei na sua sala vazia para sentir o vazio da sua presença .Bisa eu te amo, por todo o sempre ... e não há Papai Noel que possa me dar o que eu mais queria: a melhor mulher do mundo de volta para o meu lar.


Feliz natal!



E não! Isso não vai cicatrizar, nem tente me convencer ...





"A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar."Rubem Alves

Fui deitar no dia 23 com um singelo sentimento de solidão. Confesso (um pouco triste) que não senti nenhum pouco o clima natalino das vésperas que eu tanto amo, nem agi com o tal sentimento que nos faz melhor no fim do ano mas essa noite... Doeu. Doeu como um furo de agulha grossa na ponta do dedão do pé. Senti como se eu tivesse acordado de uma soneca vespertina, daquelas que você dorme demais, perde o horário e fica com o corpo mole e indisposto pro resto do dia. EU abri meus olhos e pensando no Natal, imaginando como seria tudo ... chegou na parte que eu ia à sua casa, e como todo ano você me daria o presente mais carinhoso possível, cheio de bilhetinhos e balas e chocolates, e os vinte reais sagrados ... E sua casa teria cheiro de bebê novo, você contaria das suas dores, ouviria sobre a rotina corrida de minha casa e com os olhos puros e cheios de esperança você simplesmente olharia pro rosto da minha mãe e falaria “Oh fia não fica assim. Eu vou ganhar na sena e ficar bem rica e dar uma casa para todo mundo!” Depois me encorajaria a sonhar e a amar de novo. Quando a gente se preparasse para ir embora você traria os potes cheios de doce e eu encheria as mãos e os bolsos, só pra levar um pouquinho da sensação de infância e felicidade que a sua paz me despertava. Mas hoje é dia 23, bisa. Eu vou fazer a tatuagem que eu sempre sonhei e queria tanto que a senhora visse! Provavelmente achria uma judição fazer isso na minha pele de “porcelana”. Nona, nona. É dezembro de 2008, dá pra acreditar? E eu tenho tanta coisa pra lhe falar ... como vão as coisas nesses campos floridos de laranjado e azul? O biso ainda veste aquela camisa branca larga e corre de mãos dadas com você nessa alegria toda? Vocês ainda estão jovens e apaixonados? Hoje a saudade me cortou, bisa. Nesse Natal não vou à sua casa à noite, nem vou comer torta de frango, nem vou beijar sua cabeça branquinha. Queria tanto que você estivesse aqui. Estou com uma sensação estranha esses dias, sinto seu pedaço arrancado de mim, sinto tudo como uma última vez, tudo novo e ao mesmo tempo tudo morto. Ah! Bisa aqui na Terra as coisas não andam muito bem, seus olhos não mereceriam ver tanta falta de amor cada dia mais. Nossa família não vai muito bem também. Mas a Maria está linda, bisa. Eu sei que algum dia ela ainda vai comer seu doce de abóbora!Saudade dos seus gritos de gol. Não, não adianta, eu definitivamente odeio a morte, não aceito, não me preenche. Meu amor só aumenta cada dia mais, e a saudade que o acompanha cresce da mesma forma. Mas a tal da morte não me deixa aliviar essa dor que sufoca. Sei que você está olhando por nós, cuidando como a mãe maravilhosa que sempre foi. Mas hoje eu precisava do seu colo, hoje não entrarei na sua sala vazia para sentir o vazio da sua presença.Bisa eu te amo, por todo o sempre ... e não há Papai Noel que possa me dar o que eu mais queria: a melhor mulher do mundo de volta para o meu lar.


Feliz natal!

domingo, 21 de dezembro de 2008

De menor.




(13:05) -:
Pq Talita Confusão?
(13:07) Talita Confusão!:
E exatamente por viver com os pés no mundo dos sonhos mas sufocada pela realidade.Eu sou sempre indecisa,faço as pessoas pensarem demais e questionarem demais.Dizem que eu confundo.Sei o que quero mas fico com medo de agir de vez em quando.Sou uma confusão mental em pessoa...penso em tudo de todos os focos,com todas as respostas e concordo com todas.Ou seja,não xiste verdade absoluta por isso que eu mudo constantemente...pq a verdade que eu sigo traduz o momento que eu to vivendo,e vice-versa.


Acontece que amadureci um pouquinho hoje Ana. Acordei com vontade de te dizer ...
Confesso que cheguei a achar que era doença e que remédios me curariam do labirinto incerto que há em mim. Odeio essa esperança inalcansável da natureza humana, sempre achamos que amanhã será melhor, encontraremos uma justificativa para o que somos hoje. Será que é errado estar confusa? Tudo é relativo na verdade, até a própria verdade é relativa. Nessa busca pelo futuro perfeito esquecemos, ou mais que isso, odiamos o nosso presente. Mas é ele que existe, o futuro é só uma utopia. A culpa sempre tem que ser da química, do outro, do destino, de Deus ... mas contece que minha confusão não passou, não passa. Dura todo o tempo ... e se eu odiar a mim mesma? Hoje sei que isso se chama ingratidão e talvez uma das chaves de minha dor ... latejante, constante, parte de mim. Estaria eu sendo ingrata ao Criador, ao meu passado, à evolução? Meu "ser" de hoje não existe, ele é o nome de um conjunto de histórias que eu mesmo escrevi, de cheiros, de lugares por onde passei ... não importa se já fiz o certo ou o errado, porque até o certo e o errado são relativos. Não interessa o "como seria se" eu tivesse optado por outra estrada ... eu sou esse conjunto agora. Hoje "estou". Nunca "serei", e esta é minha condição de existência, assim como uma equação matemática só que mais complexa, eu não existiria , estando em cacos ou não, se meu caráter não fosse confuso. Eu disse caráter e não minha essência. Minha essência é imutável, e agora encondeu-se um pouco de mim. Sou mutante, mutável, e "minha vida tem sido de passividade e sonho".

"Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo de minha vida maior não se fará."(Clarice Lispector)

Minha tristeza é abstração, a vida é surreal.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Talita confusão!


Tudo que me vem agora é um cansaço, um cansaço que dói. Tenho a sensação de ter vivido um dia extremamente ensolarado, tomando banho de piscina e o agora já é noite. O sol me queimou e me deixou quente. Minha pele agora se arrepia, não um arrepio de prazer ou de surpresa ou de expectativa, mas um arrepio febril. dái vêm os espirros decorrentes da minha alergia ao cloro, e por mais que eu queira meus olhos não se fecham em uma boa noite de sono. E se você deita na cama seu corpo se balança feito onda, sua cama se transforma em barco e como adormecer num barco? Não, você não quer se afogar... Apesar que essas ondas vêm e vão para o mesmo lugar, não trazem nada de novo, nada de surpresa, você sempre conhece o próxima curva ... e agora afogar-se se torna atraente, porque todo o mistério encantador da vida se quebrou, uma vida sem mistério, sem sonho, é uma vida morta. Não há fome. Não há sede. E muito menos a ausência de alimento e água. As letras de música já não entram mais em mim e eu não quero um abraço.Éhh! Mudei muito... mas esse cansaço não passa. Tenho tanto tempo em minhas mãos mas não sei o que fazer com ele, só conto as horas para dormir novamente. Eu! Logo eu que sempre quis ter muito tempo sobrando para amar a vida agora não encontro razão de viver. Conversava pouco, agora converso menos ainda. Cada palavra que sai é com muito sacrifício, é como se facas cegas rasgassem meu peito. Uma dor dormente, constante, indiferente, mas que suga minha energia vital. Sobrevivo sem notar a cor que passa ou a emoção que me prenda com entusiasmo à próxima hora. Já não sei nem o que eu não quero, nem o que não gosto. Imploro ao meu Deus que me dê ao menos raiva ou ódio ... qualquer sentimento humano que me dê a dignidade de ainda existir. Não sei dar amor mais e me poupe, nem quero receber. Quero o NADA. Estou presa no vazio que separa sanidade de loucura. E essa sensação de tão vazio é tão incerto. Pego-me em anestesia profunda. Se hoje houvesse um eclipse em mim não faria diferença alguma. Será que estou sonhando? Olheiras, palidez e lágrimas... não gosto do que vejo. como pode tudo de tão belo ter ido assim tão depressa que nem pude evitar? Esse texto é um milagre, há dias não consigo fazer nada. Sinto uma pontada gritando: MUDE O MUNDO! Não sei nem por onde começar... é tanta desumanidade que perco a fé. Estou começando a abortar a missão, e daí me perderei completamente. Me tornei desprezível. Alguém por quem você passa na rua, esbarra e continua a não ver. Hoje sou vento leve que bate em troncos ocos e montanhas vazias. Espero que ventos ainda possam influenciar nos climas... AH! Quer saber a verdade? Tanto faz ...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

No dia do samba, foi num drama que eu dancei.




Grandee humanidade! Grandee arte humana de adaptar-se a tudo! É realmente muito fácil aceitar as coisas como são, obedecermos à uma regra maior que nem sequer sabemos o que ralmente é, chamada tempo... com seu paconte fulminate de horas, dias, segundos, minutos... Tic tac ; tica tac ! O que me envergonha é saber que pertenço e ajo como essa raça de seres que gostam de coisas fáceis e que vão aceitando essa vida curta sem protestar pela liberdade real.
O tempo passa e a gente se acostuma a tudo. Erros e desculpas; frieza no namoro ou na família; vícios e obrigações; calar diante de quem duvida dos nossos sonhos loucos e assim mesmo de graça desistirmos deles, para melhor se encaixar nessa sociedade feroz. A gente se adapta á mudança de fuso, à mudança de clima, à mudança de casa...
Bela e mesquinha arte humana de renegar seu próprio instinto para seguir regras de não revolução, de opiniões alhieas, de ver tudo e ficar calado. o que, teoricamente, nos distingüe dos outros seres vivos é a capacidade de raciocinar, de falar, do tato, do pensamento, do agir diante de alguma injustiça ... Mas preferimos nos configurar como impotentes ou cansados ou acomodados demais para mover-se e mover o que há. Acabamos como mortos-vivos, com o destino comum do falecimento, deficientes físicos por opção. O mundo é grande demais e espera por cada um de nós, mas insistimos (acho que por egoísmo nato ou preguiça dos deuses) em nos manter em nosso próprio mundo, isolados de todo o resto. Afinal, o resto é resto e só queremos nosso próprio conforto.
Enquanto isso as rugas vão surgindo, a idade vai avançando e quando você se dá conta vê o quanto deixou de saber sobre ser humano, vê que passou toda sua vida curta sentado em uma carteira copiando tendências, de braços cruzados, em coma profundo. O que é pecado para você?Será que é desobedecer as leis da sua Igreja ou permanecer trancado em si mesmo pelo resto da vida. "Bobeira é não viver a realidade!"
Hoje não consigo pregar os olhos, porque um filme me despertou do estado de coma. Estou ardendo na fúria e na angústia de cada cena que assisti.Cenas reais, que me cercam o tempo todo... mas que eu, deficiente, não enxergo.
O nome do filme é 2h37, isso mesmo : Duas horas e trinta e sete. Vou logo avisando que é um filme barato e alternativo, não vá esperando uma produção bilionária cheia de efeitos especiais. A história? bem... é um fato, que é uma teia que liga todas as situações num simples fato.Não teremos uma ficção que os personagens e a história só começam a viver no filme e para o filme, e depois morrem num "felizes para sempre". Os personagens já existiam antes do filme, o filme é apenas uma filmagem de um fato que abala o cotidiano de seres distintos, numa escola para adolescentes. É um filme cheio de cenas pesadas que insistimos em tapar com a peneira nessa sociedade falso moralista.
Eu te desafio, leitor... Quero ver se tem coragem de se deliciar com a cara obcessiva e nojenta do nerd sexo-maníaco Marcus; com o desprezo e dor absurda enfrentada pela doce Melody; com a sonhadora, 'gostosona' e bulímica Sarah... te desafio a sentir na pele a compaixão pela inocência e chacota vividas por Stevens; a repugnar o hipócrita, covarde e fútil Luke; e assustar-se com o vocabulário sujo do descarado, drogado e homossexual assumido, Sean. te convido a dividir com os outros além de você diversas cruzes e faces do preconceito! Abandone seu mundinho por algumas horas e tenha dignidade pelo menos dever o mundo que não é você. Porque se per,anecer fechado em seus próprios problemas, tudo que acontecer em volta, tudo você poderia ter interferido se tirasse as vendas... esse tudo será cobrado e a culpa é sua. Só sua. culpa de quem não fez nada para evitar ou quebrar o gelo que enlouquece.
Enquanto você vai brincando de teatro ou de sobrevivência, alguém muito diferente de você vai fazendo o mesmo. As difernças existem não apenas para serem respeitadas, mas para serem compartilhadas. O que você não sabe é que todo mundo chora, todo mundo já riu algum dia e que todos vão morrer comidos por vermes, vermes sem preconceito que tratarão toda carne com igualdade. Esse tempo ridículo armará outras tantas ciladas para mim e para você que chegará a um ponto que não poderás mais dormir, nem comer e o remorso é tudo que te restará.... num grito, num choro, num frio que não passa. Cuidado! Você não está sozinho em casa...







segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Longo e reflexivo.



"Enquanto eu imaginar que 'Deus' é bom só porque eu sou ruim, não estarei amando a nada: será apenas o meu modo de me acusar. Eu, que sem nem ao menos ter me percorrido toda, já escolhi amar o meu contrário, e ao meu contrário quero chamar de Deus.Eu, que jamais me habituei a mim, estava querendo que o mundo não me escandalizasse. Porque eu, que de mim só consegui foi me submeter a mim mesma, com uma terra menos violenta que eu. Porque enquanto eu amar a um Deus só porque não me quero, serei um dado marcado, e o jogo da minha vida maior não se fará. enquanto eu inventar Deus ele não existe."(Clarisse Lispector)


Advertência: Se você procura aqui argumentos que comprovem ou não a existência de Deus, vá ler outro blog. Sou agnóstica.Ah! E quem não sabe o que é agnóstico, vai ler um dicionário.

A vida é um mistério, e a ciência vive em busca da chave do que está escondido por trás do inexplicável. O homem perante a beleza das flores, a perfeição da gestação ou na contrução de uma célula diferente, apoia-se na figura singular de Deus.Esse Deus é atribuído como criador do amor ou da falta dele, do destino, da saúde, das cores, dos cheiros e dos gostos.Deus que mantém a batida do núcleo terrestre sem cessar. Deus que cria os homens e o maestro perfeiço de tudo que não se entende ou que se admira.O Deus sem face.

Daí surge o homem, de forma totalmente contestável e incerta, numa hora desconhecida de parto da história. Esse homem cai como uma pluma no mundo nu do Deus sem face e vai modificando-o.Seus passos, antes leves como uma pluma, vão pesando como bomba. O homem passa a colocar 'sua cara', numa espécie de decoração, no mundo nu do Deus sem face. Arranca as árvores e põe concreto, desvia os fluxos do rio e coloca onde lhe convém, mata animas e retira as cabeça raras para enfeitar suas salas. e nesse fluxo de mimos,vaidades ou avanços científicos, o homem aprende a brincar e Deus. Só que não existe um só homem no planeta, eles são bilhões. São bilhões de mentes distintas, cada uma com seu pensamento de mundo. e o homem passa a ser 'o lobo do homem'. O mundo passa a ser a orgia dos deuses em busca do reino absoluto e seus súditos.

Surge então as 'ideologias', que é um conjuntos de pequenos deuses com semelhança de mundo pensado.A primeira a subir no trono é a 'ideologia' Igreja, a deusa com cara de Clero. A deusa de testa franzida e autoritária, da que amedronta e pune.Deusa monogâmica e sem sexo.Deusa da fogueira. Deusa que arma um céu de perfeição e entretenimento para manter seus súditos engessados e horrorizados com o ranger de dentes do inferno de fogo.Fogo da fogueira da própria deusa. A deusa, por não ser deusa coisíssima nenhuma dá brechas hipócritas e escandalizantes, e um súdito qualquer ouve seus erros. Maquiamos então um novo rosto para deus, o deus reformado: um deus sorriso, de luxo e riqueza. Deus fica burguês.Num outro canto deus já veste outra mascara: o deus profeta, que não come carne de porco. Deus poligâmico e masculino.Deus barbudo que esconde seu rosto de mulher. E deus vai pagando constantes cirurgias plásticas... vira orixá alegra, bigode de Hitler, bonecos de voodoo, bebe o sangue de carneiros, dessepa clitóris de prazer, ora namora heterossexuais, ora aceita homossexuais, circunsida judeus... Deus vai sendo gueera de deuses; deus ariano que extermina deus judeu; deus cristão que mata deus mouro; deus católico irlandês que devora deus protestante irlandês; deus palestino que explode deus semita; deus branco que 'civiliza' deus negro; deus ocidental que defama deus oriental; e tudo isso numa reciprocidade incrível entre todos eles. Na orgia dos deus de olhos puxados ou claro ou escuros, o deus sem face vai sendo platéia ignorada. o único traço comum a todos os deuses dos homens são os olhos: olhos cegos. Deuses cegos que não enxergam o poder do Deus sem rosto. Ninguém vê o óbvio.

A natureza caótica procura lembrar os deuses homens que para brincar de Deus tem que respeitar a maior regra de um Deus: a vida. E a natureza chorosa resolve brincar de vida com os humanos e manda suas catástrofes, em que percebemos que a vida realmente é um brinquedo frágil que pode ser arrancado por qualquer vento mais forte que a gente não pode controlar. Deus não está nas sinagogas escandalozas e nem no ouro que decora as taças de vinho.O grande erro humano foi querer vestir e mascarar o Deus sem rosto. Se Deus veste nossas fantasias de carnaval, prefiro que Ele não exista. Deus está em tudo que não tem um rosto humano. Deus está lavando com água e sabão o blush que lhe passaram na bochecha, ele só quer ser um Deus não inventado e que não precisa agradar a opinião dos outros como os seres humanos. Profeticamente ou não , mais cedo ou mais tarde sua invisibilidade será notada e veremos o rosto furioso de um Deus sem bigode, sem piercing, sem face.

" Eu acredito no Deus que criou os homens, e não no Deus que os homens criaram."